A euroAtlantic quer continuar a ligação entre Lisboa e Díli, iniciada em 2020, apesar da perda dos contratos para viagens de professores portugueses.
“De um ponto de vista financeiro [a rota para Timor-Leste] não tem sido muito positiva, sobretudo agora nestas últimas rotações”, disse à “Lusa” o administrador da Sonhando, operador turístico da euroAtlantic, José Manuel Antunes.
“Quando iniciámos esta operação, esta saga de fazer as viagens para Timor, tínhamos contado com um componente essencial que era o transporte de professores, quer da Escola Portuguesa de Díli [EPD], quer do projeto CAFE [Centros de Aprendizagem e Formação Escolar], que representava um número significativo de passageiros”, afirmou.
O administrador indicou que tanto a EPD como o CAFE optaram por outras alternativas para as viagens dos professores entre as duas cidades, nomeadamente no início e no final dos anos lectivos.
Apesar de reconhecer que o preço da viagem pela companhia é mais caro, José Manuel Antunes defendeu que o voo da euroAtlantic permite menos escalas, “menos riscos com a pandemia” e mais peso na bagagem (mais do dobro).
A ligação directa da euroAtlantic entre Lisboa e Díli custa 1 980 euros por trajeto, por pessoa. A viagem tem uma escala técnica, de abastecimento, normalmente no Dubai.
Actualmente, existem opções disponíveis a custar perto de 1 300 dólares (1.151 euros) por trajecto, com trânsito e escalas, algumas de várias horas, e com cerca de metade do peso de bagagem permitido na empresa portuguesa.
José Manuel Antunes disse que a empresa se mostrou disponível para discutir os aspectos financeiros da operação.
“Nós, companhia portuguesa, achamos um escândalo que as autoridades não nos tenham dado qualquer apoio financeiro, especialmente comparativamente à TAP, e esperávamos que ao menos tivéssemos alguma protecção em relação ao uso de verbas públicas utilizadas para estas viagens, quer pela EPD quer pelo projeto CAFE”, afirmou.
O responsável da Sonhando disse que “nos momentos difíceis da pandemia”, a euroAtlantic “fez ligações entre Portugal e Díli”, permitindo que passageiros portugueses, timorenses e de outras nacionalidades conseguissem viajar “quando não havia alternativas”.
E notou que, mesmo sem as viagens dos professores, está prevista nova viagem, já com 120 passageiros, entre Lisboa e Díli, no dia 12 de Dezembro, e entre a capital timorense e a portuguesa dois dias depois.
Um dos aspectos que torna a operação mais dispendiosa, explicou, tem a ver com o custo do combustível em Timor-Leste que é, “cerca de 35% mais caro” do que na Malásia, por exemplo, onde a empresa faz escala técnica no regresso de Lisboa.
Se os preços fossem mais adequados, notou, a empresa poderia ligar Lisboa e Díli com apenas uma escala, no Dubai.
Apesar da situação, o administrador da Sonhando referiu que a empresa continua a ter voos previstos para 2022.