A ligação ferroviária de alta prestação entre Sines e a fronteira espanhola só estará pronta depois de 2015. Projecto poderá ser co-financiado em até 85% por Bruxelas, confia o secretário de Estado dos Transportes.
“Mais do que colocar datas é importante garantir que há coerências dos planos. Quer Portugal quer Espanha tiveram necessidades de rever planos dos governos anteriores, porque esses planos estavam desadequados da realidade económica”, disse, em Madrid, Sérgio Monteiro.
“Estamos comprometidos em ter um plano que seja executável, viável e que tenha impacto e apoio na economia”, insistiu o governante português depois de uma reunião com a ministra do Fomento espanhol, Ana Pastor, em que participou também o ministro da Economia, Antonio Pires de Lima.
Sérgio Monteiro explicou que o projecto final pode incluir linhas de “alta prestação”, com velocidades ligeiramente acima dos 200 quilómetros, essencialmente de mercadorias mas também “abertas a passageiros”, tanto a partir de Sines/Lisboa como, eventualmente, de Aveiro.
O secretário de Estado destacou que o Governo está à espera da entrega, até final do mês, do relatório do Grupo de Trabalho de Infra-estruturas de Elevado Valor Acrescentado (GTIEVA), um documento “da economia real, dos empresários” que vão dizer o que consideram “importante para reduzir custos de contexto e aumentar a competitividade”.
“A partir daí poderemos tornar coerente o nosso plano com o plano espanhol e garantir que nas ligações transfronteiriças e nas ligações da rede transeuropeia nós temos infra-estruturas com um custo mínimo e um impacto máximo na competitividade”, sublinhou.
Apesar da insistência dos jornalistas, Sérgio Monteiro recusou-se a avançar um calendário preciso para as obras, afirmando que o Governo conta ter um apoio de fundos europeus de “até 85% do valor do projecto”.
Será, insistiu, um projecto com “contas, com orçamento e com objectivos”, que procurará “ouvir dos empresários o que é importante para a competitividade”, com o Governo a “tomar decisões políticas ouvindo a sociedade”.
“Os portugueses estão cansados de ouvir o Governo a decidir sem ouvir a economia e depois a economia a dizer que o dinheiro que o Governo gastou não tem nenhum impacto positivo para a competitividade”, afirmou.
As ligações ferroviárias transfronteiriças de passageiros e mercadorias Lisboa/Sines – Caia – Madrid – Irun e Aveiro – Salamanca – Medina del Campo – Irun, que integram o chamado “Corredor Atlântico” da RTE-T, e o Corredor Ferroviário de Mercadorias n.º 4 foram temas em destaque no encontro de Madrid dos responsáveis políticos dos dois governos ibéricos.
Ainda na área ferroviária, os governantes congratularam-se com o sucesso do novo serviço internacional entre o Porto e Vigo, que quase terá duplicado a procura desde o seu lançamento, em Julho passado.
No concernente ao transporte aéreo, foram passados em revista os progressos feitos pelos grupos de trabalho que estão a implementar o Bloco Funcional de Espaço Aéreo do Sudoeste Espanha-Portugal.
No que toca ao transporte rodoviário, Pires de Lima, Ana Pastor e Sérgio Monteiro debateram medidas para promover a competitividade do sector na Península. A ministra espanhola deu conta do concurso para a concretização do troço Fuentes de Oñoro – Fronteira Portuguesa da A-62, que prolongará do lado de lá da fronteira a A25.