A Evergreen estará a ponderar transferir os contentores a bordo do Ever Given, retido no Canal do Suez, para outros navios, e assim encaminhá-los para a Europa.
O Ever Given está retido pelas autoridades egípcias, à conta de um pedido de indemnização de 916 milhões de dólares apresentada pela Autoridade do Canal do Suez, pelo encalhe e interrupção da navegação naquela via.
O navio, propriedade da japonesa Shoei Kaisen Kaisha e operado pela Evergreen, transporta cerca de 18 mil contentores cheios. “Os clientes estão a perguntar quando serão entregues os seus contentores, e a hipótese de transferir os contentores para outros navios está sobre a mesa”, disse uma fonte próxima do processo, citada nos media especializados internacionais.
O transbordo dos contentores implicará, desde logo, levar o Even Given para Port Said (de moment está fundeado no Great Biter Lake) e mobilizar navios vazios ou usar a capacidade disponível nos navios em trânsito no Suez.
Além dos custos envolvidos, os planos da Evergreen podem esbarrar também na oposição das autoridades egípcias. Num comunicado, a companhia de Taiwan disse estar a estudar a possibilidade de tratar separadamente a carga e o navio no processo de arresto.
Os donos do Ever Given já invocaram a cláusula de “general average”, que chama os donos das cargas a bordo de um navio em dificuldades a partilharem os custos da recuperação.
Foi a 23 de Março que o Even Given encalhou no Canal do Suez.
Como já comentei anteriormente, neste “caso” o proprietário do navio pode declarar “avaria grossa” que obrigaria todos os interessados no navio e na sua carga a partilharem os custos envolvidos. Comercialmente falando é o recurso mais “pesado” a que se pode recorrer numa expedição marítima porque os carregadores/recebedores e os seus seguradores podem ser completamente alheios ao que aconteceu, pelo contrário serão altamente prejudicados devido a atrasos ou deteriorações de cargas a bordo.
Tenho dúvidas que o Egipto autorize a saída do navio ou de qualquer carga a bordo sem que seja depositada uma caução que serviria de “fiador” até resolução final.