Os portos desempenham um papel fundamental no desenvolvimento económico global, sendo pontos cruciais para o comércio internacional. A evolução das políticas portuárias mundiais tem sido marcada por esforços para aumentar a eficiência, sustentabilidade e competitividade. É importante rever e explorar as experiências internacionais na gestão de portos, destacando iniciativas que visam melhorar a oferta e atingir objetivos mais ambiciosos.
Globalmente, um dos principais focos tem sido o investimento em infraestruturas. Os portos em todo o mundo estão a modernizar as suas instalações para acomodar navios maiores, mais modernos e mais verdes. Exemplos notáveis incluem o Porto de Roterdão, que investiu significativamente em expansão e modernização para manter-se competitivo. Da mesma forma, o Porto de Xangai, o maior do mundo em termos de volume de carga, continua a investir em infraestruturas avançadas e tecnologias inovadoras.
A digitalização e automação dos processos portuários são tendências globais importantes. O Porto de Hamburgo, por exemplo, implementou uma série de tecnologias digitais, incluindo sistemas de gestão de tráfego e automação de terminais, para aumentar a eficiência operacional. Essa transformação digital permite uma melhor sincronização e otimização dos processos, resultando em menores custos operacionais e maior produtividade.
Os modelos de governação eficazes são outro aspeto crucial. Muitos portos estão a transitar para modelos de gestão baseados em parcerias público-privadas (PPPs). Este modelo permite uma maior flexibilidade e eficiência na gestão, além de atrair investimentos privados. A experiência do Porto de Antuérpia, que opera sob um modelo de PPP, destaca-se como um exemplo de sucesso em termos de competitividade e sustentabilidade.
Os portos enfrentam desafios significativos, incluindo a necessidade de modernização contínua, adaptação às novas tecnologias e cumprimento de regulamentos ambientais cada vez mais rigorosos. No entanto, essas mesmas pressões oferecem oportunidades para inovação e desenvolvimento sustentável.
A transição energética é uma prioridade para muitos portos globais. A adoção de práticas sustentáveis, como o uso de energias renováveis, é essencial para reduzir a pegada de carbono. Para além dos portos nórdicos, o Porto de Los Angeles tem sido pioneiro na implementação de tecnologias de energia limpa, incluindo a eletrificação de equipamentos portuários e o fornecimento de energia verde para navios atracados.
A gestão adequada de resíduos e a monitorização do impacto ambiental são componentes fundamentais das políticas portuárias sustentáveis. O Porto de Gotemburgo, por exemplo, implementou um programa abrangente de gestão ambiental que inclui a reciclagem de resíduos e o tratamento de águas residuais. Além disso, o porto utiliza sistemas avançados de monitorização para controlar a poluição e proteger o ecossistema local.
A integração logística é vital para a eficiência dos portos. A promoção da intermodalidade, onde diferentes modos de transporte são integrados de forma eficiente, é uma prática crescente. O Porto de Valência investiu em infraestrutura ferroviária para melhorar a conectividade com o interior do país, em especial Madrid, reduzindo a dependência do transporte rodoviário e, consequentemente, as emissões de carbono.
Os portos enfrentam desafios significativos, incluindo a necessidade de modernização contínua, adaptação às novas tecnologias e cumprimento de regulamentos ambientais cada vez mais rigorosos. No entanto, essas mesmas pressões oferecem oportunidades para inovação e desenvolvimento sustentável.
A evolução tecnológica, especialmente nas áreas de inteligência artificial e automação, representa uma oportunidade para revolucionar a operação portuária. Portos que investem em tecnologias emergentes podem melhorar a precisão e a eficiência dos processos, resultando em maior competitividade no cenário global. É exemplo o Porto de Lisboa com a instalação de pórticos de parque com pneus inteligentes.
A colaboração internacional é essencial para enfrentar os desafios globais. Parcerias entre portos e iniciativas como a Belt and Road Initiative da China ou a iniciativa europeia Global Gateway, promovem o desenvolvimento conjunto de infraestrutura e a integração logística global. A troca de melhores práticas e tecnologias entre portos de diferentes regiões contribui para um crescimento mais sustentável e eficiente.
As experiências globais na política de portos demonstram um compromisso crescente com a modernização, sustentabilidade e competitividade. Investimentos em infraestrutura, digitalização, governação integrada e eficaz e práticas ambientais sustentáveis são essenciais para que os portos alcancem os seus objetivos. À medida que os portos continuam a evoluir, a colaboração internacional e a inovação tecnológica serão fundamentais para enfrentar os desafios futuros e aproveitar as oportunidades de crescimento sustentável.
VÍTOR CALDEIRINHA
Fala quem sabe e vive com entusiasmo e dedicação a questão marítimo-portuária. É preciso abanar o satatus quo.
Os bons modelos são para estudar, adaptar e levar à prática.
Convém ver bem o que se passa em Antuérpia… A «privatização» é apenas do modelo de gestão e não da titularidade e é algo imposta pela fusão com Zeebruges e pela condenação da Bélgica pela isenção de imposto sobre as sociedades aos portos belgas, condenação que também ocorreu nos Países Baixos, Espanha, Itália e, em geral, onde mantém a natureza de entidades de direito público e, como tal, isentos de impostos sobre as sociedades.
O problema não tem nada a ver com o modelo de governação. Quando muito, com o modo como o Estado controla as empresas públicas em geral, não apenas os portos.
É necessário clarificar o que é o modelo de PPP do Porto de Antuérpia, porque as PPPs em Portugal são um conceito diferente da concessão portuária, em particular, da relativa à movimentação de cargas nos cais e terminais portuários. Da leitura o parágrafo relativo aos modelos de governação fica a ideia que temos de caminhar para um novo modelo, o da PPP, com maior flexibilidade e eficiência de gestão, em alternativa ao atual modelo de concessão portuária. É uma leitura minha, e acho muito pertinente que esse debate seja feito no quadro da governação dos portos portugueses.
Não sei o que são pórticos de parque com pneus inteligentes que foram instalados no Porto de Lisboa, o que sei é que Leixões já tem há mais dois anos 6 pórticos de parque com remote control que operam no terminal de contentores sul, sem qualquer trabalhador a bordo do equipamento.