Portugal exportou 68 milhões de pares de calçado para 170 países em 2024 (mais 3,9%), mas facturou apenas 1 724 milhões de euros (menos 5,4%).
Tendo por base os mais recentes dados do INE, a Associação Portuguesa dos Industriais do Calçado, Componentes, Artigos de Pele e Seus Sucedâneos (APICCAPS) destaca que, ainda assim, este recuo compara com uma perda de 8,2% do maior concorrente da indústria portuguesa, a Itália, e uma quebra de 7% do maior produtor mundial de calçado, a China.
“Por um lado, é notório um abrandamento dos principais mercados internacionais, nomeadamente Alemanha, França e Países Baixos, que afectou os principais protagonistas do sector e as nossas empresas em particular. Depois, começa a ser perceptível a estratégia do sector de diversificar a oferta de produtos,”, sublinha o dirigente associativo.
Assim, se as exportações de calçado em couro recuaram 6% em 2024, para 40 milhões de pares, as exportações de calçado em outros materiais (impermeável, plástico ou têxtil) aumentaram 22,6% para 28 milhões de pares.
“Ainda que acreditemos que o calçado em couro seja a melhor solução do mercado, razão pela qual representa mais de 80% das nossas vendas em valor, porque é um produto natural, tecnicamente mais robusto e consideravelmente mais sustentável – na medida em que apresenta um período de vida mais longo -, temos feito um esforço considerável para investir numa nova geração de produtos, nomeadamente no âmbito do projeto BioShoes4All”, sustenta Luís Onofre.
“Esse é um caminho que deveremos aprofundar”, acrescenta.
O calçado de couro representa atualmente 83% das exportações portuguesas de calçado, destacando-se Portugal como o 10.º maior exportador mundial neste segmento.
No total, o calçado ‘made in Portugal’ foi comercializado em 170 países no ano passado, sendo o Belize o mais recente novo destino das exportações do sector.
Por mercados, a Europa continua a ser “o mercado natural” para o calçado português, em especial a Alemanha (14 milhões de pares, no valor de 391 milhões de euros), a França (15 milhões de pares, 348 milhões de euros) e os Países Baixos (cinco milhões de pares, 197 milhões de euros).
Destaque também para o Reino Unido (três milhões de pares vendidos em 2024, no valor de 113 milhões de euros), e para os EUA, onde as vendas aumentaram 25% nos últimos três anos para dois milhões de pares, no valor de 97 milhões de euros.
Ainda de acordo com o INE, o sector de artigos de pele atingiu um novo máximo histórico em 2024, com Portugal a exportar mais de 353 milhões de euros em artigos de pele e marroquinaria, um acréscimo de 9,1% relativamente ao ano anterior.
Destaque para o segmento “malas e bolsas”, que registou um crescimento de 11,4% para 176 milhões de euros.
No total, as exportações do ‘cluster’ português do calçado atingiram 2 147 milhões de euros em 2024, contribuindo o sector do calçado com mais de mil milhões de euros anualmente para a balança comercial portuguesa.
Setenta e cinco empresas da fileira do calçado participam na próxima semana em Milão, Itália, nas feiras internacionais Micam, Mipel e Lineapelle, num contexto internacional que a associação sevtorial reconhece ser “de grande exigência”.