O transporte ferroviário de mercadorias não está a dar uma resposta cabal à concorrência rodoviária, conclui o Tribunal de Contas Europeu (TCE) num relatório ontem publicado.
Em 2011, a Comissão Europeia definiu como objectivo transferir 30% do transporte rodoviário de mercadorias em distâncias superiores a 300 quilómetros para outros modos até 2030 e mais de 50% até 2050.
O caminho para atingir aquelas metas parece, porém, que ainda não começou a ser percorrido. De facto, o estudo do TCE, denominado “Transporte ferroviário de mercadorias na União Europeia: ainda fora do caminho certo”, conclui que o transporte ferroviário e em vias navegáveis interiores estabilizaram em cerca de 2 300 mil milhões de toneladas-quilómetro por ano, com o transporte rodoviário a representar cerca de 75% do total.
O TCE concluiu, aliás, que a quota de mercado do transporte ferroviário até teve uma queda ligeira desde 2011, com excepção para países como a Áustria, a Alemanha ou a Suécia.
Investimentos privilegiam AV e passageiros
Os auditores indicam que a União Europeia subsidiou, entre 2007 e 2013, projectos ferroviários com 28 mil milhões de euros, mas que o seu enfoque principal foi a Alta Velocidade para o transporte de passageiros, e não o transporte de mercadorias. E dão como exemplo Espanha, que tem a maior rede europeia, e uma das maiores do mundo, de Alta Velocidade.
O relatório recomenda que a Comissão Europeia tome medidas em relação à fraca liberalização de mercado, gestão do tráfego, aos constrangimentos administrativos e técnicos, assim como à monitorização da performance e à transparência e concorrência justa entre os vários modos de transporte.
O TCE recomenda ainda uma melhor adequação do financiamento dos projectos.
“Mais financiamento não vai resolver o problema se não forem resolvidas questões estratégicas e regulamentares”, de acordo com Ladislav Balko, membro do TCE responsável pelo estudo.
Até que enfim.
Não basta liberalizar sem criar as necessárias condições.
A ferrovia é resposta para a sustentabilidade económica, financeira e ambiental desde que num ambiente de livre concorrência.
Quais as vias alternativas à ferrovia para minimizar custos com a utilização das infraestruturas? Nenhuma.
Quais as vias alternativas à rodovia para minimizar custos com a utilização das infraestruturas?