A APEF, que representa e Medway e a Captrain, critica a decisão de acabar com as portagens nas ex-SCUT e reclama medidas equitativas para o transporte ferroviário.
A Associação Portuguesa das Empresas Ferroviárias (APEF) manifestou-se, em comunicado, “surpreendida” pela aprovação, ontem, na Assembleia da República, do fim da cobrança das portagens nas ex-SCUT, com efeitos a partir de 2025. Uma decisão que, sustenta, “penaliza fortemente a ferrovia e demonstra, mais uma vez, a falta de visão estratégica dos decisores políticos para o sector dos transportes”.
A APEF sublinha o contraste entre o fim das portagens e o aumento da “taxa de uso da infra-estrutura ferroviária em 23%”. “Podemos concluir que os partidos representados na Assembleia da República decidiram apostar na rodovia e, mais uma vez, discriminar a ferrovia, prejudicando o setor e todos os seus stakeholders, apesar dos milhões de euros que têm sido investidos na infraestrutura ferroviária”, critica.
“Não temos nada contra a decisão em si, mas é incompreensível que se tenha tomado uma decisão isolada desta natureza sem se pensar em medidas que permitam equilíbrio de tratamento entre modos de transporte, prejudicando ainda por cima o modo de transporte mais sustentável”, sublinha o director-executivo da APEF, Miguel Rebelo de Sousa, citado no comunicado.
E acrescenta: “Desta forma, o transporte ferroviário não terá condições para ser competitivo face ao rodoviário. Temo que os milhões de euros que têm sido investidos e que se continuarão a investir na rede ferroviária sejam desbaratados, porque corremos o risco de não termos comboios de mercadorias e até mesmo de passageiros a circular, por causa de medidas como esta que incentivam de forma muito directa a rodovia e afectam gravemente a competitividade da ferrovia. Infelizmente, a política de transportes no País faz-se de medidas isoladas e desgarradas, ao sabor do debate político”.
“Daqui a uns anos vamos mostrar-nos surpresos quando verificarmos que aumentámos as emissões de CO2 do setor dos Transportes quando era esperada uma redução, e a razão para isso é clara, isso acontece porque demos incentivos contrários aos objectivos de sustentabilidade”, reforçou o dirigente.
As operadores ferroviárias apelam, por isso, a que “sejam tomadas medidas equitativas por parte do Governo e dos decisores políticos que permitam compensar o transporte ferroviário pela perda de competitividade face à rodovia, nomeadamente no que diz respeito à taxa de uso da infraestrutura”, conclui o comunicado.