O primeiro autocarro Expresso 100% eléctrico em Portugal está desde ontem a operar entre o Porto e Bragança, operado pela AV Feirense para a Flixbus.
Quatro anos volvidos sobre as primeiras experiências em França, Alemanha e EUA, a Flixbus “traz” para Portugal o primeiro autocarro de longa distância 100% eléctrico, propriedade da Auto Viação Feirense, operador privado que foi dos primeiros a investir forte na mobilidade eléctrica em autocarro.
O autocarro em causa, da chinesa Yutgong, tem uma lotação de 47 passageiros e uma autonomia de 350 quilómetros (Porto e Bragança distam pouco mais de 200 quilómetros). O tempo de carregamento das baterias ronda as três horas.
O lançamento deste primeiro serviço contou com a colaboração da Câmara Municipal de Bragança, “nomeadamente no apoio ao carregamento” do autocarro eléctrico, referiu a Flixbus em comunicado. O percurso contempla paragens intermédias em Amarante e Vila Real.
Para as próximas semanas anuncia-se mais uma novidade: o arranque da operação do primeiro autocarro de longo curso equipado com painéis solares na ligação entre Lisboa e Madrid.
A Flixbus chegou a Portugal em 2019 e começou a operar nas ligações domésticas no ano seguinte. Hoje liga cerca de 300 destinados nacionais. A frota ao serviço da empresa (propriedade de parceiros privados, como a AV Feirense), garante, tem uma idade máxima de quatro anos e cumpre com as normas de emissões Euro VI.
O lançamento do primeiro “Expresso” 100% eléctrico foi aproveitado por Pablo Pastega, director-geral da Flixbus para Portugal e Espanha, para sublinhar o papel dos serviços de autocarros na mobilidade das populações, lembrando que em 2019 foram assim transportados 6,6 milhões de passageiros (contra 6,7 milhões nos comboios intercidades e de longo curso), em particular retirando automóveis das estradas.
“Temos consciência que somos o parente pobre da mobilidade em Portugal, mas felizmente isso está a mudar. (…) No dia de ontem [segunda-feira] tivemos 52 viagens na ligação entre Lisboa e Porto. São cerca de 2 500 lugares considerando os dois sentidos. Isto significa que, em teoria, e só nesta ligação de Lisboa ao Porto, estamos a tirar mais de 2 000 carros particulares das estradas. Um autocarro da FlixBus emite até seis vezes menos CO2 e transporta 10 ou 12 vezes mais pessoas. É para isto que temos de olhar”, referiu o responsável, citado no comunicado.
Pablo Pastega deixou ainda a crítica, recorrente, ao facto de não ser dado à operadora “acesso a terminais de várias cidades importantes, e não creio que isso seja benéfico ou confortável para o passageiro”.