A FlixBus (e a AV Feirense) tem a partir de agora o primeiro autocarro 100% eléctrico a fazer o serviço expresso Lisboa – Porto.
Depois de uma primeira tentativa, há cerca de dois anos, a FlixBus e AV Feirense voltam a apostar num autocarro de serviço Expresso 100% eléctrico.
Há dois anos, o percurso escolhido foi o Porto – Bragança (distantes entre si cerca de 200 quilómetros) e o autocarro um Yutong, com uma autonomia anunciada de 350 quilómetros. Mas as viagens realizadas foram menos que as previstas, por dificuldades no carregamento do veículos.
“É impossível, para um investimento desta dimensão, levarmos seis ou oito horas a fazer uma carga completa. É um factor que tem de ser considerado em futuros investimentos nas redes de carregamentos para veículos pesados”, justifica agora, e alerta, Pablo Pastega, director-geral da FlixBus em Portugal.
Agora, os dois parceiros, com a colaboração da EDP, sobem a parada e colocam um autocarro 100% eléctrico nas ligações entre Porto e Lisboa. O autocarro mantém-se do fabricante chinês, mas agora com uma autonomia de 400 quilómetros, e o tempo de carregamento anunciado é de 2h45. Os carregamentos, no final de cada viagem, serão feitos, em Lisboa, nas instalações da EDP Labelec em Sacavém, e no Porto nas instalações da AV Feirense.
Se tudo correr como previsto, o novo autocarro fará duas viagens por dia, uma em cada sentido, todos os dias. E com isso poupar-se-ão 150 toneladas de CO2/ano, sublinham os promotores.
O investimento no autocarro não beneficiou de quaisquer fundos públicos, uma vez que no Fundo Ambiental “não há apoios disponíveis para autocarros desta classe”, referiu ao TRANSPORTES & NEGÓCIOS uma fonte da FlixBus. “A FlixBus actua em modelo de parceria com os seus operadores locais, com partilha de investimento e receita. Neste caso, com a AV Feirense”, acrescentou.
Tentando responder aos desafios da transição energética e da descarbonização do sector, a Flix tem em curso “mais de 10 projectos-piloto na Europa e nos EUA, nomeadamente com autocarros eléctricos a bateria, Bio-CNG e Bio-LNG, biodiesel e painéis solares” e “planeia também lançar em breve o primeiro projecto de pilha de combustível de hidrogénio da Europa”, refere a operadora, em comunicado.
É bom que se prevejam “pontos de carregamento” intermédios. Pode acontecer que, por variadas razões (situações de “pára-arranca” ao longo de vários km por motivo de acidente, por exemplo), a autonomia eléctrica caia drasticamente e seja necessária uma paragem para recarga.