A frota mundial de porta-contentores terá mais navios que nunca, com a maior variedade de combustíveis de sempre e mais controlada pelos operadores, antecipa a BIMCO.
Há dez trimestres consecutivos que a carteira de encomendas de navios porta-contentores bate recordes. Nos últimos dois anos e meio, as encomendas colocadas atingiram os 8,61 milhões de TEU, tanto quanto o acumulado dos sete anos e meio anteriores, refere a BIMCO.
Com isso, a capacidade agregada dos porta-contentores encomendados atinge actualmente um recorde de 7,54 milhões de TEU, equivalentes a 28,9% da capacidade da frota em operação.
Mais, as entregas previstas para o resto de 2023 e todo o ano de 2024 atingem os 5,03 milhões de TEU. O que, mesmo assumindo a retirada de navios equivalentes a um milhão de TEU até ao final do próximo ano, atira a frota mundial para cima dos 30 milhões de TEU pela primeira vez na história, com um crescimento de 16% face ao nível actual.
A frota mundial de navios de transporte de contentores está, por isso, “condenada” a crescer, mesmo num período de contracção da procura, o que criará problemas de rendibilidade para os opoeradores.
Mas as mudanças não se ficarão por aqui. Na sua análise, a BIMCO chama a atenção para o facto de 57% dos navios encomendados irem estar preparados para utilizar novos combustíveis, contra apenas 10% da frota actual. Os primeiros navios a metanol deverão começar a operar em breve e os navios amonia ready também são esperados proximamente.
Isso significará que em breve haverá cinco tipos de combustível marítimo: os bunker com alto e baixo teor de enxofre, o GNL, o metanol e a amónia. O que dificultará o estabelecimento de benchmarks para a fixação de preços e representará um crescente desafio para os portos e terminais.
Outra evolução assinalada pela BIMCO é o crescente peso dos operadores na aquisição de novos navios: 65% da capacidade encomendada, com a consequente perda de influência dos armadores não operadores. A BIMCO sublinha a propósito que, sendo donas dos navios, as companhias de navegação terão menos capacidade para se adaptarem rapidamente às condições do mercado em termos de oferta e procura.