O porto de Lisboa foi palco de uma operação de rendição de 22 tripulantes montenegrinos. A Garland Navegação foi a protagonista.
Num tempo em que os receios de Covid-19 estão a impôr apertadas restrições à rendição das tripulações de navios, com milhares de marinheiros retidos no mar há meses, realizou-se com êxito, no passado fim de semana, em Lisboa, a troca de 22 tripulantes montenegrinos do navio Buvda,, numa operação coordenada pela Garland Navegação.
O Buvda, graneleiro handymax, carregado de trigo, tinha como destino Lagos, na Nigéria. A bordo seguiam 22 tripulantes há nove meses no mar. A rendição deveria ter acontecido há dois meses, mas as tentativas anteriores fracassaram.
Em comunicado, a Garland Navegação dá conta do desenrolar da operação, quase ao nível de um enredo de uma “Missão Impossível”:
“A operação da Garland teve início uma semana antes da paragem prevista para Lisboa, a última oportunidade para realizar a rendição, já que a mesma também não seria possível na Nigéria, onde a estadia seria igualmente longa. Os contactos institucionais com as autoridades sanitárias, SEF e fornecedores foram os primeiros passos de um serviço extremamente condicionado pelas medidas de contingência impostas pelo Governo Português face à pandemia de Covid-19, exigindo-se que os novos tripulantes a embarcar em Lisboa teriam antecipadamente de testar negativo à doença e obter os respetivos certificados. Para garantir o devido distanciamento, o Buvda teria ainda de permanecer ao largo e sem contacto com terra, pelo que foi necessário recorrer a um rebocador.
“Os 23 tripulantes que viriam a render os colegas foram testados à Covid-19 ainda no Montenegro. No entanto, como os resultados dos testes só seriam conhecidos na véspera da chegada do navio a Lisboa, foi necessário recorrer ao Cônsul Honorário do Montenegro em Portugal para atestar a validade dos mesmos, já que estavam escritos em sérvio. Depois, e, em tempo recorde, a Garland obteve autorização para a operação junto das autoridades portuguesas.
“Os 23 tripulantes que embarcaram em Lisboa no Buvda, partiram do aeroporto de Podgorica, num avião fretado da Montenegro Airlines, na manhã de sábado, 9 de maio. Uma vez chegados à capital portuguesa, seguiram de autocarro para o Estuário do Rio Tejo. Com o navio fundeado no Mar da Palha, foram divididos em dois grupos e transportados em duas viagens de rebocador ao Buvda, rendendo assim os seus colegas, que, por sua vez, foram transportados de autocarro ao Aeroporto Humberto Delgado, de onde seguiram viagem para o Montenegro.”
Uma história com fim feliz, como salientou Carlos Fortuna, director-geral da Garland Navegação: “Com planeamento e rigor em toda a operação e uma colaboração exemplar das nossas autoridades, acreditamos que demos um excelente exemplo de eficiência”.