O consórcio Gateway, que hoje formalizou a compra de 61% da TAP, propõe-se investir mais de 600 milhões de euros na companhia, podendo chegar-se aos 800 milhões.
“O investimento na TAP supera os 600 milhões de euros”, disse David Neeleman em conferência de imprensa, em Lisboa, após a assinatura do contrato com o Estado. O empresário explicou que o consórcio vai colocar 345 milhões de euros de capital permanente, dos quais 270 milhões de euros agora e o restante ao longo de 2016.
A este valor soma-se o financiamento para a compra de aeronaves, o chamado PDP (Financing commitments), que será “no mínimo de 150 milhões de euros, mas pode ir até aos 300 milhões de euros”, adiantou.
A Gateway pretende adquirir um mínimo de 53 aviões, 14 A330-900 e 39 A320/A321. Mas poderão ser mais, admitiu Neeleman, que todavia descartou a aquisição de A350. A TAP tem vários encomendados, falando-se na cedência desse negócio a outras companhias, para assim gerar dinheiro.
Ao todo, um pacote de investimento de 600 milhões de euros, mas que David Neeleman admite que poderá subir para os 800 milhões de euros.
Em termos de oferta, o também dono da brasileira Azul falou no reforço de dez ligações para os EUA e de 8 a 10 para o Brasil.
Humberto Pedrosa: “estamos para ficar”
Humberto Pedrosa, que detém a maioria do consórcio Gateway, afirmou que quer tornar a companhia aérea na melhor da Europa e que está nos negócios “para ficar”.
O dono do Grupo Barraqueiro, sublinhou que hoje é “um dia muito importante para Portugal”, porque “se firma um compromisso de crescimento (…) com base no histórico empresarial de dois parceiros com provas dadas de sucesso e credibilidade”.
“Estamos nos negócios para ficar”, salientou Humberto Pedrosa na cerimónia de assinatura do contrato de venda da TAP, no Ministério das Finanças, garantindo que ambos são fiéis às empresas que criam.
Garantiu ainda que os dois empresários estão apostados em fazer crescer a TAP num projecto de longo prazo, ambicioso, “mas sólido e realista” e que querem fazer da companhia “a melhor da Europa”.
Para Humberto Pedrosa, garantir que o centro de decisão da companhia continua em Lisboa foi um factor decisivo para participar neste projecto: “posso garantir com orgulho que a TAP é efectivamente portuguesa”.
Sobre David Nelleman, considerou que “é a pessoa certa para garantir que a TAP continuará a ser a empresa bandeira” portuguesa, pois ambos partilham “uma visão de crescimento e futuro para a TAP” e que não passa apenas pela capitalização da transportadora.
Pires de Lima: “Governo fez o que tinha de ser feito”
“O Governo fez o que tinha de ser feito, para bem da TAP e para bem da nossa economia, correspondendo a todas as condições estratégicas e económicas”, disse o ministro da Economia, Pires de Lima, durante a cerimónia de assinatura do contrato de venda de 61% do Grupo TAP.
O ministro da Economia referia-se à permanência do hub da companhia em Portugal, assim como da marca, da base operacional, das obrigações do serviço público e da protecção dos acordos de empresa e dos trabalhadores.
“Hoje não é um dia qualquer para a TAP, para nós hoje é um dia de esperança, um compromisso de crescimento”, afirmou.
Pires de Lima lembrou que com a integração de Portugal no espaço europeu as regras de concorrência impedem, salvo determinadas excepções, a capitalização das companhias aéreas e frisou, a este propósito, que “para continuar a voar mais longe”, para mais destinos e ter mais rotas, “a TAP precisa de capital”.
“O sucesso desta privatização é, sobretudo, o reconhecimento por parte dos novos investidores da [importância] da companhia e da capacidade de gestão desta empresa”, disse.