O Estado vai ter de compensar a CP pelas perdas sofridas devido à Covid-19, que a empresa estima na ordem dos 150 milhões de euros, diz o ministro Pedro Nuno Santos.
O ministro das Infraestruturas, que visitou hoje as oficinas da CP no Entroncamento, onde estão a ser recuperadas unidades, nomeadamente para a Linha de Sintra, afirmou que o Estado “tem de fazer justiça à CP” e pagar à empresa pelo serviço que lhe é imposto.
“A CP sofre com a Covid e com um subfinanciamento crónico. Nós normalmente vamos ouvindo que a CP é um buraco, custa muito dinheiro ao país. A verdade é que a CP tem trabalhado ao longo dos anos sem receber do Estado aquilo que é seu por direito”, disse.
Falando ao lado do presidente da CP, Nuno Freitas, antes de uma viagem numa Unidade Quádrupla Eléctrica, cuja reabilitação foi concluída no Entroncamento e que vai reforçar a frota de comboios ao serviço na Linha Urbana de Sintra, o ministro salientou o facto de, “pela primeira vez na história” da empresa, existir um contrato de serviço público, que estabelece as obrigações de ambas as partes.
“O Estado não fará nenhum favor à CP. A partir de agora vai pagar à CP pelo serviço que faz. Daqui para a frente vamos ter um contrato de serviço público que vai dar um valor justo à CP”, salientou.
Contudo, Pedro Nuno Santos reconheceu que “há muito trabalho para trás que fica por fazer, nomeadamente a primeira metade do ano de 2020”, particularmente afectada pelas medidas impostas pela pandemia da Covid-19 e cuja compensação o Governo irá resolver internamente.
“Não nos esqueçamos que a CP chegou a fazer uma redução de oferta de 25% quando a redução da procura tinha sido de 95%”, disse, sublinhando que, desde o primeiro dia do desconfinamento a empresa repôs 100% da oferta “e não está a ser compensada por isso”, estando a ter um prejuízo que deve ser compensado.
Pedro Nuno Santos acrescentou ainda a “mochila da dívida que a CP carrega”, a qual, afirmou, não se deve a má gestão no passado, mas ao facto de o Estado não estar a pagar “o que era devido”, sublinhando a necessidade de se fazer o saneamento financeiro da empresa.
“Do ponto de vista de contas com a CP, o Estado ainda tem muito que ajustar”, declarou, salientando que a empresa “tem as suas contas feitas”, sendo agora necessário “sentar com a CP e o Ministério das Finanças”.
O presidente da CP, Nuno Freitas, afirmou que a empresa está a actualizar o valor do prejuízo “em função da evolução da recessão que o país está a ter, porque depois isso tem interferência no negócio”.