O Governo e a “troika” terão chegado a acordo sobre a reorganização das administrações portuárias, mediante a criação de duas empresas em vez da holding única.
Uma empresa, a Norte, concentrará os portos de Viana do Castelo, Leixões, Aveiro e Figueira da Foz. Outra, a Sul, aglutinará os portos de Lisboa, Setúbal e Sines.
O secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro, confirmou hoje que o dossier do modelo de governo dos portos já está fechado, mas remeteu para a apresentação da revisão do memorando de entendimento com a “troika” o anúncio das novidades.
A opção pela criação de duas empresas, ao invés da holding única que seria a preferência da “troika”, terá sido ditada pelo coro de protestos gerado a Norte contra o modelo “centralizador”. O critério geográfico fez o resto.
A concretizarem-se, as duas empresas serão muito diferentes entre si. Com claro predomínio para a empresa do Sul, ou da Grande Lisboa. Desde logo, nos volumes movimentados.
No ano passado, Viana processou cerca de 491 mil toneladas, Leixões chegou aos 16,3 milhões, Aveiro fez 3,3 milhões e a Figueira da Foz 1,7 milhões. Juntos, aqueles quatro portos valeram perto de 21,8 milhões de toneladas.
No mesmo tempo, Lisboa atingiu os 12,3 milhões de toneladas, Setúbal consolidou 6,9 milhões e Sines cresceu até aos 25,8 milhões. Um total de mais de 45 milhões de toneladas.
Mais cargas geram mais receitas e, se tudo correr bem, mais lucros. De acordo com os números divulgados pelas administrações portuárias, em 2011 Leixões lucrou 10,3 milhões de euros e Aveiro 1,5 milhões, sendo que os dois consolidam os resultados de Viana e da Figueira, respectivamente. Um total de 11,8 milhões de euros, portanto.
A Sul, Lisboa atingiu lucros de dez milhões de euros, Setúbal chegou aos 5,3 milhões e Sines atingiu os 8,4 milhões. Tudo somado: 23,7 milhões de ganhos.
A disparidade das dimensões – e dos resultados – dos portos tem-se reflectido também na sua capacidade de investimento. E por isso os portos mais pequenos, todos a Norte, têm tido necessidade de ser “socorridos” pelo PIDDAC, quando há verbas para tal, o que não acontece com os demais.
Diferentes são também as possibilidades de expansão dos portos. Mais escassas a Norte (excepção feita a Aveiro) e bem mais vastas a Sul (em Setúbal e em Sines, e mesmo em Lisboa se se considerar a Margem Sul).