O governo moçambicano vai avançar com uma auditoria forense às contas da Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) dos últimos dez anos, a concluir no prazo de seis meses, avançou a “Lusa”, citando fonte oficial do Executivo.
“Uma das acções de impacto que tínhamos previsto para estes 100 dias era a aquisição de três aeronaves para a LAM. Entretanto, quando decidimos que teríamos disponíveis pelo menos três aeronaves antes de 100 dias, descobrimos que dentro da LAM fomos entregar raposas para cuidar de um galinheiro, ou gatos para cuidarem de ratos”, disse.
Daniel Chapo acrescentou que interessa a essas pessoas que a LAM “continue a alugar aviões porque com aluguer de aviões ganham comissões” e o governo, que se decidiu pela reestruturação, teve que “reorientar o processo, uma vez que é importante que se cuide dos interesses do povo e não dos interesses de pessoas ou de grupos”.
Em Fevereiro, o governo autorizou a venda de 91% da participação do Estado na LAM a empresas estatais (Hidroelétrica de Cahora Bassa (HCB), Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM) e Empresa Moçambicana de Seguros (Emose)), indicando na altura que o valor arrecadado seria usado na aquisição de oito aeronaves.
Daniel Chapo afirmou agora que, no contexto do processo relativo à aquisição das três aeronaves, “saíram de Moçambique pessoas, com dinheiro dos novos accionistas disponível, e foram ficar 15 dias na Europa para inspeccionar aviões, e voltaram para Moçambique a dizer que não conseguiram inspeccionar nem um avião sequer, coisa que não faz sentido e não tem lógica”.
“Quando descobrimos que dentro da nossa empresa está implantado um antro de corruptos (…) decidimos cancelar o concurso, vamos reestruturar a empresa, colocá-la limpa com pessoas competentes que querem trabalhar para o povo moçambicano”, concluiu.
Há vários anos que a LAM enfrenta problemas operacionais relacionados com uma frota reduzida e falta de investimentos, com registo de alguns incidentes, não fatais, associados por especialistas à deficiente manutenção das aeronaves.