O terceiro dia de greve dos pilotos de barra e portos mantém uma adesão “muito perto dos 100%” em quase todos os portos do país, segundo o sindicato Oficiaismar.
Em declarações à “Lusa”, o dirigente do Sindicato dos Capitães, Oficiais Pilotos, Comissários e Engenheiros da Marinha Mercante (Oficiaismar) Aristides Bicho garantiu que “a adesão continua muito perto dos 100%”, registando-se, agora, “um maior nível no porto de Leixões”, que foi o que menor adesão registou nos dois primeiros dias do protesto, a 29 e 30 de Novembro.
Face à indisponibilidade da tutela para atender às reivindicações da classe, o dirigente sindical avançou que na quarta-feira será cumprido, conforme previsto, o quarto e último dia de greve (entre as 00:00 e as 24:00), seguindo-se plenários para decidir que novos passos tomar.
Os pilotos de barra e portos reivindicam que o Governo cumpra um acordo, alcançado em 7 de Agosto de 2019 com as administrações portuárias, no sentido de lhes permitir o acesso à reforma antecipada a partir dos 60 anos, dada “a natureza especialmente penosa e desgastante” da actividade.
Segundo um comunicado do Oficiaismar, “apesar de todas as tentativas de diálogo com a tutela ao longo dos últimos três anos, consideraram-se esgotadas as possibilidades de negociação, tanto mais que, em reunião no Ministério das Infraestruturas e Habitação, realizada no passado dia 21 de setembro de 2022, foi claramente dito que o Governo não implementaria este acordo”.
Os trabalhadores reclamam a “implementação do projeto de proposta de diploma, subscrito pelos sindicatos representativos dos pilotos de barra e portos e pelas administrações portuárias” e que “reconhece a natureza especialmente penosa e desgastante da aCtividade profissional exercida pelo pessoal técnico de pilotagem ao serviço das administrações portuárias, garantindo a estes profissionais a justa possibilidade da aposentação / reforma a partir dos 60 anos de idade”.
De acordo com Aristides Bicho, só na quarta-feira haverá uma “percePção global” do efeito destes dois novos dias de greve, “quando se amontoarem os navios a entrar e a sair nos vários portos”.
“Mas serão bastantes, tal como na greve anterior”, antecipou, numa referência às dezenas de navios em espera que, na greve de 29 e 30 de novembro, se acumularam em vários portos.
De acordo com o dirigente sindical, até ao momento não houve qualquer avanço relativamente às pretensões dos pilotos, tendo a reunião realizada no passado dia 2 com o secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Santos Mendes, corrido “mal”.
“O secretário de Estado reiterou o que nos tinha dito a 21 de setembro: Que a questão não estava em cima da mesa e que não podíamos ir por ali. E adiantou que todos fomos enganados, menosprezando o esforço que houve nos 15 meses anteriores ao aparecimento desse acordo, com várias reuniões tidas com as administrações portuárias e com os quatro sindicatos dos pilotos”, disse.