O Conselho de Administração da Groundforce decidiu hoje avançar com a anulação do acordo de venda de activos à TAP, alegando que põe em causa a sobrevivência da empresa.
“Terminou há instantes a reunião do Conselho de Administração da Groundforce na qual, perante a opinião do Conselho Fiscal, dos auditores da Deloitte e de alguns juristas, se concluiu serem nulos os contratos de sale & leaseback e arrendamento, celebrados em 19 de Março de 2021 entre a Groundforce e a TAP”, lê-se num comunicado assinado pelo presidente do Conselho de Administração (PCA) e presidente executivo (CEO) da Groundforce.
Questionada pela “Lusa”, fonte oficial do PCA disse que não foi permitido aos dois administradores nomeados pela TAP votarem a proposta de anulação do acordo, por conflito de interesses, uma vez que a companhia aérea “é accionista, cliente e fornecedora da Groundforce”.
O CA decidiu ainda “iniciar negociações com a TAP até um período máximo de seis meses”, para encontrar uma solução que permita “refazer os contratos de forma justa e equilibrada para ambas as partes, permitindo a continuidade e o futuro da Groundforce”.
“É intenção do accionista Pasogal manter e desenvolver uma relação saudável com a TAP, como aquela que existiu entre 2012 e 2019, acreditando estarem reunidas as condições para regressar à normalidade, assim se confirme o número de voos previstos pelo Eurocontrol e pela IATA e desde que interesses externos e a tutela da TAP não interfiram no normal funcionamento da empresa”, acrescentou o accionista maioritário da empresa de handling.
Em Março, a TAP comprou os equipamentos da Groundforce por cerca de sete milhões de euros, uma solução de curto prazo que permitiu resolver os problemas mais urgentes da empresa, como pagar os salários de Fevereiro e Março em atraso aos 2 400 trabalhadores, enquanto não existe uma solução para as restantes verbas de que necessita, para fazer face aos prejuízos causados pela pandemia.
O acordo, que prevê também que a Groundforce pague 461 762 euros mensais à TAP pelo aluguer dos equipamentos de que necessita para operar, foi aprovado com os votos favoráveis dos dois administradores da Groundforce nomeados pela TAP, a que se juntou o presidente executivo da empresa de handling, Paulo Neto Leite, que entretanto, a 5 de Abril, foi destituído do cargo e substituído por Alfredo Casimiro, mas que se manteve como administrador não executivo.
Na votação, Alfredo Casimiro absteve-se e o outro administrador nomeado pela Pasogal, Gonçalo Carvalho, votou contra.
