A Groundforce aprovou hoje o acordo de venda de equipamentos à TAP, com três votos a favor, a abstenção de Alfredo Casimiro e um voto contra.
Segundo adiantou à “Lusa” uma fonte conhecedora, os dois administradores da Groundforce nomeados pela TAP aprovaram o acordo, a que se juntou o presidente executivo da empresa de handling, Paulo Neto Leite, que já tinha manifestado na véspera a sua intenção de validar o acordo proposto pela TAP.
Por seu lado, o presidente da Pasogal, accionista maioritário da Groundforce (50,1%), absteve-se e o outro administrador nomeado pela Pasogal, Gonçalo Carvalho, votou contra.
O acordo prevê que a TAP compre os equipamentos da Groundforce por cerca de sete milhões de euros, uma solução de curto prazo, que permite desbloquear provisoriamente o impasse na empresa e pagar os salários aos 2 400 trabalhadores, que desde Fevereiro ainda só receberam 500 euros, bem como os impostos que têm de ser pagos nos próximos dias.
Após o final da reunião do Conselho de Administração da Groundforce, a TAP informou que procedeu “às transferências necessárias ao pagamento dos salários”.
“No seguimento do princípio de acordo anunciado ontem [quinta-feira] ao abrigo do qual a TAP S.A. procederia à aquisição dos equipamentos de handling de propriedade da SPdH, por um montante então anunciado, montante esse necessário e suficiente para que a SPdH pudesse cumprir com o dever de pagamento dos salários dos trabalhadores, correspondentes aos meses de Fevereiro e Março de 2021” assim como “dos impostos correspondentes a este último mês”, a TAP informou que “após ter recebido assinados os contratos relativos à aquisição dos equipamentos acima mencionados, procedeu hoje às transferências necessárias ao pagamento dos salários em causa”, refere o comunicado.
O presidente do Conselho de Administração da Groundforce, Alfredo Casimiro, ouvido na quinta-feira pela comissão parlamentar de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação, disse que esta solução era um “balão de oxigénio” de dois meses, mas, se não forem disponibilizados mais fundos, a empresa “vai definitivamente para a falência”.
Em cima da mesa continua um aumento de capital de 6,97 milhões de euros, que Alfredo Casimiro (acionista maioritário da Groundforce com 50,1% das ações) disse ter “capacidade financeira” para aceitar, mas antes ter de perceber qual será o futuro da TAP na empresa de handling, uma vez que o contrato de prestação de serviços entre as duas empresas termina em 2022.
“Capital significa capitalista e eu sou um capitalista, assumo-me como um capitalista, e só farei esse investimento se tiver condições para recuperar esse investimento num certo e determinado número de anos”, sublinhou o administrador da Pasogal, acrescentando prever serem precisos 10 anos para recuperar o investimento no aumento de capital, que acredita que seja entre sete e 10 milhões de euros.
Desta forma, para ir ao aumento de capital, Alfredo Casimiro pretende obter por parte da TAP garantias de que o contrato de prestação de serviços será renovado por cinco anos e, posteriormente, por mais cinco.
Quanto ao empréstimo com aval do Estado de 30 milhões de euros das linhas Covid, a solução que a Pasogal prefere, tem de ser encontrada uma solução para as garantias pedidas pelo Governo (as acções de Casimiro na Groundforce, que já estão penhoradas).