O Grupo HNA, que chegou a ser accionista da TAP, admitiu hoje estar “entre a vida e a morte”, com a Covid-19 a agravar a situação de elevado endividamento.
Em comunicado, o Grupo HNA admitiu que a situação actual constitui um “grande teste” para todos os funcionários e que “está no ponto entre a vida e a morte”. A mesma nota, publicada numa das contas do grupo nas redes sociais, inclui críticas ao departamento financeiro pela forma como geriu uma reunião com investidores que culminou com a suspensão das negociações da dívida da HNA.
Não é claro por que razão a reprimenda foi feita publicamente, mas a declaração do grupo, que até há três anos era o maior comprador de activos fora da China, sugere atritos entre o novo presidente executivo, Gu Gang, e o departamento financeiro.
Gu Gang, executivo sénior do governo chinês, ingressou na empresa, em Fevereiro passado, para gerir os riscos graves de liquidez no grupo.
“O departamento financeiro não acatou os pedidos da empresa para manter uma comunicação serena com os seus investidores, agindo antes apressadamente e sem sinceridade”, lê-se na carta.
“Gu Gang sublinhou que os problemas da HNA se acumularam e que é realmente difícil resolvê-los da noite para o dia”, acrescenta.
Na terça-feira, a HNA pediu desculpas publicamente aos seus investidores, depois de ter anunciado que adiaria por um ano os pagamentos de juros de título de dívida emitido em 2013 e com vencimento em 15 de Abril.
No ano passado, a dívida da empresa ascendeu a quase 70 mil milhões de euros, segundo os dados divulgados na apresentação dos seus resultados anuais.
O surto do novo coronavírus complicou a situação financeira do grupo, forçado que foi a “suspender as operações de aviação civil”, devido à queda no número de passageiros.
Fundado em 1993, quando a propriedade privada estava ainda a começar na China, como uma pequena companhia aérea regional, o grupo HNA alargou, entretanto, os seus investimentos nos sectores dos transportes, logística e retalho, tendo adquirido participações em empresas como o Deutsche Bank e o Hilton Hotels (entretanto alienadas) e Swissport .
O Grupo HNA chegou a deter uma posição indirecta na TAP, através da Atlantic Gateway, que vendeu entretanto, num negócio avaliado em 48,6 milhões de euros.