Quem quiser comprar a TAP terá de manter em Lisboa a base de operações da companhia portuguesa. Uma condição que afastará, a priori, o interesse da IAG, que controla a British Airways e a Iberia.
O aeroporto de Lisboa funciona hoje como uma placa giratória entre as operações europeias da TAP e as ligações para África (em especial Angola, mas não só) e para a América Latina (leia-se, o Brasil).
As rotas africanas e brasileiras são, aliás, um dos mais importantes activos da transportadora aérea nacional e, logo, um dos argumentos que poderá atrair eventuais interessados na privatização.
O Governo quer privatizar a TAP até ao final do ano, mas parece disposto a fazer finca-pé em que isso não signifique a “deslocalização” da base da companhia. Por causa da TAP, da economia nacional e do projecto do novo aeroporto.
A imposição da manutenção do “hub” da TAP em Lisboa, a verificar-se, praticamente afasta da “corrida” a holding IAG. Isto porque a holding que controla a British Airways e a Iberia aposta forte em crescer em Madrid (numa lógica de complementaridade com Londres), e não parece fazer sentido dispersar esforços em dois hubs tão próximos e, ainda por cima, especializados nos mesmos tráfegos.
A IAG já negou o interesse na TAP, e o mesmo disse a Lufthansa. Mas a TAP é a companhia europeia que voa para mais destinos brasileiros e a que mais cresce nas relações entre o Velho Continente e a América Latina. A tal ponto que quem ficar com ela poderá passar para a frente da concorrência naquele importante mercado.
A Air France-KLM também está na “corrida” pela América Latina. As companhias asiáticas igualmente estão atentas e interessadas, como o prova a recente operação da Singapore Airlines para o Brasil através de Barcelona, em parceria com a Spanair. E há também, claro, as companhias sul-americanas, com a Lantam à cabeça…
No imediato, o Governo quer avaliar a TAP, para o que escolheu o Citi e a CGD. Depois haverá que definir o perímetro da privatização (a Groundforce está à venda mas ainda não foi vendida e há ainda o negócio da manutenção no Brasil). A alienação do capital é uma das condições acordadas com a “troika”. Para ser concretizada ainda este ano.