A IAG manifestou ao Governo português interesse numa participação maioritária na TAP a prazo, caso avance para a compra, decisão que dependerá das condições impostas pelo Estado.
“Ao longo do tempo, gostaríamos de ter um caminho para uma [posição] maioritária, porque daria possibilidade ao negócio para crescer sem o investimento de outros accionistas”, avançou o administrador do IAG Jonathan Sullivan, num encontro com jornalistas portugueses, em Dublin, na Irlanda.
O responsável acrescentou que este interesse numa posição maioritária na TAP foi já expresso ao Governo português, estando agora o grupo à espera de conhecer as condições para o negócio. “Não sabemos se vamos participar ou não, depende das condições”, realçou Jonathan Sullivan.
O administrador do IAG apontou que o negócio da TAP é interessante por “muitas razões”, como o hub, que considerou “um activo tremendo”, a conectividade com a América Latina e com a América do Norte, que seria “um bom complemento” à operação das companhias que compõem o grupo IAG, como a Aer Lingus.
A companhia de bandeira irlandesa foi comprada pelo IAG em 2015, num processo que levantou algumas preocupações por parte do governo, que manteve uma participação e impôs condições como a manutenção da marca, do hub em Dublin e da conectividade com Londres – Heathrow.
“[O Governo português] é muito parecido com o irlandês e nós encorajamos isso, porque tem sido bom para a população, é bom que o Governo esteja envolvido com interesses estratégicos, como o irlandês tem estado”, apontou o responsável do IAG.
“[Se comprarmos,] queremos que a TAP se mantenha orgulhosamente portuguesa”, vincou o administrador.
Questionado sobre as preocupações relativamente ao fim do hub da TAP em Lisboa, pela proximidade com o de Madrid, da Ibéria, outra das companhias do grupo de aviação, Sullivan garantiu que o interesse do grupo, caso avance para a compra, é desenvolver os dois hubs.
“Ter hubs que são, de alguma forma, próximos, é muito positivo, […] porque os passageiros beneficiam”, defendeu, lembrando que Dublin é mais próximo de Londres do que Lisboa de Madrid, tal como Barcelona e Madrid estão mais próximas do que Lisboa e Madrid.
Quanto às diferenças relativamente aos seus potenciais concorrentes no negócio, Jonathan Sullivan considerou que o IAG tem como vantagem o facto de as suas companhias aéreas fazerem o planeamento da sua operação de forma totalmente independente umas das outras, uma vez que o processo de tomada de decisões é descentralizado, apenas “subindo” ao grupo quando estão em causa investimentos avultados, como a compra de aviões, por exemplo.
Questionado sobre os constrangimentos no aeroporto de Lisboa, o responsável desvalorizou: “Heathrow está limitado há anos e a British Airways encontrou forma de crescer. Podemos encontrar maneiras de crescer mesmo num aeroporto que está lotado; estamos confiantes que a TAP, mesmo na Portela, pode encontrar uma forma de crescer”.
O grupo IAG tem oito companhias aéreas, entre elas a British Airways, a Ibéria, a Vueling e a Aer Lingus.
Além do IAG, também a Lufthansa e a Air France-KLM já manifestaram interesse na reprivatização da TAP.