O surto de coronavírus continua a ter um impacto forte no transporte marítimo de contentores, mas dá sinais de estar a abrandar, segundo a Sea-Intelligence.
Os dados da consultora revelam que nas semanas 5 a 15 de 2020 (a partir de 27 de Janeiro) as viagens canceladas no trans-Pacífico aumentaram para 111, tendo 48 tido como razão para o cancelamento o coronavírus e as restantes a sazonalidade normal do Ano Novo Chinês. No Ásia-Europa, as viagens em branco aumentaram para 75, das quais 29 se deveram ao surto.
A 1 de Março, a perda de volume devido a travessias canceladas estava em 1,9 milhões de TEU. A uma taxa média aproximada de mil dólares por TEU, isso equivale a uma perda de receita de 1,9 mil milhões de dólares (1,7 mil milhões de euros) para as companhias de transporte.
“Embora as companhias tenham anunciado mais sete cancelamentos na semana passada, o que corresponde a uma remoção adicional de 7% da capacidade, o ritmo de novas travessias em branco baixou claramente, aumentando a esperança dos transportadores em que os volumes serão lentamente devolvidos a níveis normais”, indica, em comunicado, Alan Murphy, CEO da Sea-Intelligence.
“Isso, no entanto, não significa que o efeito cascata tenha acabado – longe disso. Já detalhámos nas últimas semanas como isso afectará as dinâmicas de ida e volta e criará escassez de capacidade de navios e disponibilidade de equipamentos ”, alerta Murphy.
O executivo observa que as companhias já estão a propor aumentos de preços dos fretes por causa disso e que para alguns carregadores as próximas semanas podem ser difíceis para movimentar cargas de retorno, quase independentemente do preço que estejam dispostos a pagar.
Alan Murphy acrescenta que as companhias de navegação conseguiram manter os preços dos fretes até agora através da gestão pró-activa da capacidade, impedindo uma “temida implosão de tarifas, do tipo crise financeira”.