Portugal deverá apostar nas ligações marítimas ao Centro da Europa, até como forma de melhor negociar com Espanha as melhorias que pretende na rede ferroviária, sugere José Laranjeiro Anselmo, responsável de projectos da Unidade de Redes Transeuropeias na DG-MOVE.
“Avançar com um projecto de ligação marítima a outro país da União Europeia não requer autorização prévia desse país e retira margem de manobra a Espanha nas negociações sobre, por exemplo, as ligações ferroviárias”, afirmou, em Lisboa, numa sessão pública sobre a chamada de Bruxelas para candidaturas de investimentos no âmbito da RTE-T.
Portugal não se pode alhear do Corredor Atlântico, mas neste âmbito deverá negociar directamente o acesso aos mercados do Centro da Europa, ao invés de “estar apenas a fazer reuniões bilaterais com Espanha ou França”, insistiu.
Portugal tem reservados 1,7 mil milhões de euros comunitários para projectos de transportes, o que permitirá – e obrigará a – realizar investimentos num total de três mil milhões de euros.
José Laranjeiro Anselmo falou na “última oportunidade que temos de acedermos a recursos financeiros do Fundo de Coesão [com taxas de co-financiamento até aos 85%]”. A maioria do país deixará “de ser elegível para esses projectos a partir de 2022”, além do que o alargamento da UE implicará uma maior distribuição dos dinheiros.
“O País precisa de aproveitar estes dinheiros que foram colocados à disposição para arrancar. Se não fizermos nada e não decidirmos nada, alguém o fará por nós”, alertou ainda.
O prazo para a apresentação de projectos na chamada agora lançada decorre até 28 de Fevereiro do próximo ano. Bruxelas já avisou que serão escolhidos os projectos de maiores méritos.