A construção da nova linha de Alta Velocidade em bitola ibérica é essencial na ligação a Espanha, defendeu, de novo, o vice-presidente da Infraestruturas de Portugal (IP).
No “Encontro sobre as perspectivas do desenvolvimento da ferrovia nacional – dos planos à concretização”, realizado na Sociedade de Geografia de Lisboa, Carlos Fernandes defendeu que o planeamento feito por Portugal para a incorporação da linha de Alta Velocidade “não é nenhuma invenção, é rigorosamente o que existe em todos os países europeus”.
“O Governo português tem dito é que Portugal está disponível para fazer a migração quando duas situações estiverem cumpridas: uma, deixem-nos acabar a linha – ou seja, enquanto só tivemos uma parte da linha, umas fases da linha, não faz sentido mudar, porque depois temos aqui um problema muito complicado de resolver – e, dois, quando houver planos oficiais e efectivos de ligar a bitola europeia às nossas fronteiras”, considerou.
Para o vice-presidente da IP, se Portugal fizesse uma ligação entre Porto e Vigo em bitola europeia “chegava à fronteira [de Espanha] e não entrava”.
Segundo Carlos Fernandes, o governo espanhol já foi questionado sobre os objectivos de migração, e o que foi transmitido a Portugal e Bruxelas foi “que não há condições de migrar o troço entre Vigo e Corunha, porque aquela linha de Alta Velocidade é utilizada também por muitos tráfegos regionais da Galiza”.
“Ou migrava a rede toda da Galiza – o que não é possível -, ou aquele eixo nunca vai ser migrado, e não vai. Só faz sentido, quando houver, um dia, planos de Espanha para migrar isso, que Portugal migre também”, acrescentou.
A nível nacional, defendeu que a criação de uma linha de Alta Velocidade com bitola ibérica permite que qualquer comboio possa utilizá-la, sem provocar constrangimentos com incompatibilidades e assinalou que qualquer mudança terá de partir, primeiro, de Espanha.
“A bitola europeia está em França e tem de vir de França para Espanha e de Espanha para Portugal, nunca pode ser ao contrário”, apontou, dizendo que estas mudanças estão dependentes de acordos, dando o exemplo da electrificação da linha da Beira Alta.
Por agora, apontou a necessidade de conectar as mercadorias portuguesas a Espanha pela ferrovia, uma vez que 80% do volume é para esse país.
De acordo com Carlos Fernandes, a diferença de custos na aquisição dos equipamentos ferroviários é “absolutamente residual”. “Os mesmos fabricantes que fabricam em bitola europeia fabricam em bitola ibérica”, referiu.
Ainda assim, disse que caso seja preciso alterar a configuração em Portugal não deverá haver problemas. “No dia em que for preciso mudar [a bitola], isto tem um custo de 100 mil euros por quilometro”, apontou, dizendo que é algo “que tem uma produtividade elevada” e que teria constrangimentos diminuídos.
A alternativa será a instalação de cambiadores, “que custam 10 ou 15 milhões de euros”.
A linha de Alta Velocidade Porto – Lisboa deverá permitir ligar as duas cidades em cerca de 1h15, com paragens possíveis em Gaia, Aveiro, Coimbra e Leiria.
Paralelamente, está a ser projectada a ligação do Porto a Vigo, com estações no aeroporto Francisco Sá Carneiro, Braga e Valença.
Bela foto, a realidade Portuguesa de um lado e a de Espanha noutro.
Eles fazem e recebem os financiamentos Europeus, nós estudamos para nada fazemos e ficamos sem fundos.
Viva a nova variante a Linha do Norte onde finalmente os pendulares podem ser utilizados para as velocidades para que foram comprados.
Com este tipo de atitudes, que seriam de louvar se estivéssemos no ano 2005, demonstra o nosso planeamento e preparação de 23 anos após criação da RAVE.
Dizer que mudar é rápido, o que é verdade para via corrida mas deixa omisso os aparelhos de mudança de via, é um erro mas que fica bem no discurso e no ouvido de quem pensa que neste pais o provisório é alterado para definitivo em vez de passar a ser o definitivo.
Devíamos pensar nisto – Sermos mais engenheiros/construtores em vez e politicos/faladores.
O principal nesta questão é a insistência da IP (e do governo) na exclusividade da bitola ibérica (e também do CONVEL e do seu STM) contrariando a regulamentação europeia (1315 em fase de revisão) e “fintando-a” com as isenções ao seu cumprimento. Tanto nos países bálticos como nas propostas para a Ucrania cumpre-se e cumprir-se-á o regulamento, sem “migrações”, mas com construção de linhas novas logo em bitola 1435mm. é isso que está no regulamento. E já agora, segundo os números do INE para 2022, o total das importações e exportações de e para Espanha foi, por modos terrestres, 67,24% em peso e 40,67% em valor, do total de importações e exportações de e para o resto da Europa, e não 80% como se quer fazer crer para justificar o não investimento nas ligações ferroviárias à rede europeia interoperável TEN-T.
Não tem qualquer lógica colocar uma linha de AV em bitola europeia, quando do outro lado, na Galiza ou em Badajoz, o que há é bitola ibérica?! Dentro de portas ganha-se muito, pois com bitola ibérica no início ganhámos rede ferroviária (AV+convencional). Uma AV em bitola europeia de raiz ficaria desconectada da restantes vias convencionais e, p.e. já não daria para fazer por fases, nem a linha Porto-Lisboa, nem Porto-Vigo, neste último caso o troço aeroporto-Braga não está previsto fazer nas próximas décadas sequer… Se o problema são as mercadorias? Não é problema, pois a maioria dos transportes são para Espanha, cuja rede convencional é quase toda em bitola ibérica, e nos Pirenéus é que tem de ter cambiadores… Mudar a infraestrutura e todo o material circulante (ou adaptá-lo, o que só é possível no mais recente) é oneroso… e Portugal só o deve fazer quando: 1.° acordar com Espanha, 2.° a UE contribuir para tal, pois é mais uma exigência (!?) da Europa, do que uma exigência nacional ou mesmo ibérica… 3.° deve-se em todas as alterações nas superestruturas das diferentes linhas preparar a alteração, com travessas que permitam alterar a bitola facilmente ou algalear com um 3.° carril (isso é que se poderia criticar, pois não foi feito nas renovações das vias convencionais – infelizmente esse é o dos menores erros no meio de tantos erros estratégicos que o Ferrovia 20-20 tem/teve). Mas o problema vai mais além da bitola, a mudança deve ser 1.° nos sistemas de segurança e sinalização, tensão elétrica, e depois é que virá a bitola dos carris…
Segundo entrevista recente do Secretário de Estado à SIC, as renovações de via convencional estão a incluir travessas de dupla fixação de carris. Se o fizeram em todas as obras do 2020 excelente… e que continue em todas do PNI 2030 e, se possível, de cada vez que se tenha de “mexer” numa linha…
Na linha do Oeste as travessas que estão a colocar são bi-bloco por fotos que foram colocadas no facebook.
Vi também uma imagens à uns tempos. poucos, que julgo serem na SIC Notícias de uma travessas de cimento diferentes das polivalentes, eram todas rectngulares e lisas, náo como as polivalentes, que náo deu para perceber se estavam preparadas para as duas bitolas.
Será que em 2030 a linha ferroviária da Beira Alta já receberá comboios mercadorias com 750 metros ? Ou teremos que esperar até 2040, VERGONHA lol