A IRU avisa para a “bomba relógio” que ameaça o transporte rodoviário de mercadorias, com o aumento da idade média dos motoristas a agravar a escassez de profissionais do volante que já hoje se sente.
O mais recente relatório da IRU sobre a escassez de motoristas, relativo a 2024, confirma o agravar da situação global, com cada vez menos motoristas jovens (menos de 25 anos) e cada vez mais profissionais a aproximarem-se da idade da refor,a.
Em resultado de um inquérito a 5 100 empresas transportadoras, em 36 países que representam 70% do PIB mundial, a IRU concluiu que faltam cerca de 3,6 milhões de motoristas para suprir as necessidades actuais. Só na Europa faltarão 426 mil. Cerca de 70% das empresas inquiridas consideraram “difícil” ou “muito difícil” contratar profissionais do volante.
A situação só não piorou, face a 2023, sustenta a IRU, porque se verificou um abrandamento da actividade transportadora.
Mas as perspectivas para o futuro próximo não são optimistas, com a diminuição da percentagem de motoristas com menos de 25%: apenas 6,5% em termos globais, 4,3% na Europa, 3% na Polónia e em Espanha, 2,6% na Alemanha, 2,2% em Itália.
Ao invés, os motoristas com mais de 55 anos representam já 31,6% do efectivo total, chegando aos 45% em Itália e aos 50% em Espanha. Na Europa, a IRU estima 17% desta força de trabalho aposentar-se-á nos próximos cinco anos.
O problema é grave e estrutural, alerta a IRU. E não se resolverá apenas com melhores salários ou melhores condições de trabalho, a avaliar pelos resultados de um estudo realizado pela IRU e pela Truckfly by Michelin em sete grandes mercados europeus.
Os salários médios dos motoristas de camião são entre 30% e 135% superiores ao custo de vida médio nas regiões avaliadas, e 81% estão satisfeitos com o seu trabalho (57% estão mesmo muito ou extremamente satisfeitos).
Então, o que falta? Muita coisa, certamente, consoante os casos, mas desde logo, o acesso a áreas de descanso bem equipadas e um melhor tratamento nos locais de entrega (opinião de 91% dos inquiridos).
“Portanto, os governos precisam integrar melhor as carreiras de motoristas profissionais nos sistemas educativos, eliminando também limites de idade irrealistas para treino e qualificação, e investir mais em áreas de estacionamento e descanso seguras e bem equipadas”, resumiu o secretário-geral da IRU, Umberto de Pretto, citado em comunicado.