O ISEG estima que o Produto Interno Bruto (PIB) registe uma queda entre 8% e 10% este ano, de acordo com uma síntese de conjuntura hoje divulgada.
“Para 2020, dado o resultado da primeira metade do ano e a progressiva retoma da maioria das actividades face às maiores restrições de Abril e Maio, estima-se como mais provável que a variação final do PIB se venha a situar entre -10% a -8%. Este resultado pressupõe que a crise sanitária não irá evoluir de forma substancialmente mais negativa até ao final do corrente ano“, avançou a instituição.
O organismo acredita que “isto mesmo é indiciado pela evolução dos indicadores qualitativos ou do consumo de electricidade em Julho“, mas alerta que “porque o problema sanitário ainda não está resolvido e o seu controlo envolve perdas de produtividade” e tendo em conta que, “entretanto, as restrições de actividade geraram problemas de rendimento e de enfraquecimento da procura e porque a confiança dos consumidores, sobretudo, permanece baixa, o ritmo desta retoma poderá não ser tão rápido quanto o desejável“.
O ISEG ressalva que “a economia portuguesa será ainda penalizada”, devido “à incerteza da retoma da procura turística externa e à quebra nas exportações turísticas”, entre outras coisas, sendo ainda “de esperar, mesmo com políticas contrárias, que as consequências sociais negativas da crise económica, nomeadamente em termos de emprego e de falências, se venham a agravar por alguns meses“.
Segundo o ISEG, em Julho, “os indicadores de clima e confiança empresariais caracterizaram-se, na generalidade da área euro e em Portugal, por novas subidas, afastando-se mais dos mínimos de Abril ou Maio. As melhorias são maiores nos sectores da construção e da indústria e menores no comércio a retalho e, sobretudo, nos serviços. O indicador de confiança dos consumidores desceu marginalmente na área euro e, de forma ligeira, em Portugal. Em geral, a recuperação da confiança dos consumidores está a ser comparativamente mais lenta”, lê-se na mesma síntese de conjuntura.
O ISEG recordou ainda que, “segundo a estimativa rápida preliminar do INE [Instituto Nacional de Estatística], no segundo trimestre, o período de maiores restrições de actividade impostas pelo combate à pandemia Covid-19, o PIB português caiu 16,5% em termos homólogos e 14,1% em relação ao trimestre anterior”.