Os carregadores europeus estão a pagar o preço da globalização das alianças de companhias marítimas, e a culpa é das autoridades, sustenta um estudo do ITF.
“Os carregadores europeus têm razões para se perguntarem por que é que os fretes marítimos de e para a Europa aumentaram exponencialmente, e por que é cada vez mais difícil reservar espaço de carga, considerando que a procura europeia no shipping de contentores está no essencial flat e e que o congestionamentos dos portos na Europa é negligenciável”, reconhecem os autores do estudo do ITF (International Transport Forum), um think tank da OCDE para a área dos transportes.
A explicação, sustentam Olaf Merk e Antonella Teodoro, tem a ver com o facto de as companhias de navegação terem concentrado a sua capacidade no trans-Pacífico, para corresponderem ao boom da procura nos EUA e compensarem o congestionamento dos portos norte-americanos, na prática desviando meios para onde o negócio é mais lucrativo.
Ou seja, a gestão global da capacidade pela indústria do shipping de contentores levou à concentração da oferta de capacidade nos tráfegos com os EUA, causando o disparo dos fretes e a falta de capacidade noutros tráfegos, nomeadamente o Ásia – Europa.
Algo só possível, dizem os autores, pelas excepções às regras da concorrência concedidas pelas autoridades (entre elas, a Comissão Europeia) às alianças e consórcios de companhias de navegação, na esperança de assim haver ganhos de eficácia e eficiência, também em benefício dos carregadores.
Facto é que, sustenta o estudo do ITF, a proibição da concertação de preços não impediu a sua subida, com a gestão conjunta da capacidade a tornar-se a suprema mais-valia para os operadores globais.
Como se isso não bastasse, dizem-no Olaf Merk e Antonella Teodoro, a fiscalização da concorrência no shipping de contentores é escassa, desde logo por falta de entidades governamentais especializadas na matéria, limitando-se as mais das vezes a agir em resposta a queixas formais.
É, por isso, sugerido que se limitem as possibilidades de gestão conjunta da capacidade, para fomentar a real concorrência entre transportadores.
Entre as recomendações do estudo contam-se uma maior monitorização do shipping de contentores, uma maior atenção da parte dos reguladores à concorrência nos serviços door-to-door de transporte de contentores, uma maior transparência nos fretes e taxas do shipping de contentores, ou o aumento da contribuição dos transportadores marítimos para o financiamento e manutenção das infra-estruturas portuárias.
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