Os estaleiros não têm no seu DNA a vocação para a inovação ambiental, afirma Jorge Antunes (Tecnoveritas) ao TRANSPORTES & NEGÓCIOS.
Uma boa parte dos estaleiros são donos das docas e dos meios de elevação e pouco mais; o resto é realizado por empreiteiros ou subempreiteiros, resume o CEO da Tecnoveritas. Longe vão os tempos da Lisnave na Margueira, uma verdadeira “one stop shop”, com todas as competências, recorda.
E no entanto a descarbonização do shipping cria oportunidades para o sector. E a Lisnave procedeu à renovação ambiental do Vasco da Gama e fez o mesmo a dois navios da Compagnie du Ponant, utilizando soluções da Tecnoveritas. E a WestSea procedeu à conversão de navios da Baleària para GNL…
Têm capacidade para executar os trabalhos – insiste Jorge Antunes -, desde que haja fornecedores das soluções, Têm capacidade para montar, desde que os equipamentos estejam em kit, reforça.
Ainda assim, reconhece, os estaleiros podem, eles próprios, dar um contributo para a descarbonização do sector do shipping, melhorando algumas das suas práticas.
E os portos nacionais, o que podem fazer?
Segundo Jorge Antunes, podem fazer muito, assumindo uma abordagem pragmática. E dá exemplos: se os navios forem avisados com antecedência de atrasos nos terminais podem reduzir a velocidade, e assim poupar combustível e emissões; se as cargas e descargas forem rápidas, reduzem-se as emissões. E o mesmo acontecerá se se apostar no abastecimento de energia aos navios a partir de terra.
E não serão precisos muitos estudos, garante, e muito menos estudos de milhões de euros. Há falta de pragmatismo. Há muito Estado. Há muita gente que atrapalha. Gastam-se rios de dinheiro em estudos. Parem! – remata.