Portugal tem de perceber que o mar é o seu principal activo, alerta Jorge Antunes, CEO da Tecnoveritas, em entrevista ao TRANSPORTES & NEGÓCIOS. Aproveitá-lo implica uma estratégia de longo prazo, acrescenta.
Jorge Antunes fala nos exemplos da Noruega e de Singapura, que “não existiam” em termos de tecnologia marítima e hoje são autênticos potentados, diz, para demonstrar como, em seu entender, só com uma estratégia de longo prazo, de décadas, é possível cumprir o objectivo anunciado de sermos uma nação marítima.
É preciso, diz, “desenvolver conhecimento na área da engenharia marítima, porque é aí que está o dinheiro”. É importante “ter engenharia portuguesa para Portugal, para também podermos vender aos estrangeiros”, acrescenta o CEO da Tecnoveritas, precisamente uma tecnológica portuguesa que, entre outros projectos recentes, foi a escolhida para modernizar ambientalmente quatro navios da companhia francesa de cruzeiros de luxo Compagnie du Ponant.
É preciso ter “a capacidade para definir uma estratégia a longo prazo”, mas “os governos que temos tido, ou não têm estratégia, ou vão gerindo em cima do joelho”, critica. “Infelizmente, os nossos políticos, ou não percebem nada de mar, ou não querem perceber”, reforça.
Por entre as críticas, Jorge Antunes não poupa nos elogios ao director-geral da DGRM, José Carlos Simão, nomeadamente a propósito da iniciativa portuguesa de criar uma zona ECA (Área de Controlo de Emissões) abrangendo todas as águas nacionais. Isso também é descarbonização, diz, lembrando a elevada incidência do cancro de pulmão na população da costa ocidental do território.