A Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) anunciou a suspensão da rota Maputo-Lisboa a partir desta quarta-feira, justificando-o com os prejuízos de mais de 21 milhões de dólares acumulados na operação.
“Enquanto a casa não estiver organizada e continuarmos a ter irregularidades nos voos domésticos, não podemos voar grande”, declarou Alfredo Cossa, porta-voz da LAM, em conferência de imprensa, em Maputo.
O Boeing 777 de 302 lugares, resultante de uma parceria com a operadora portuguesa EuroAtlantic, ligava as duas capitais três vezes por semana, com preços promocionais a partir de 25 mil meticais (368 euros) na classe económica.
Segundo o porta-voz da LAM, o novo conselho de administração da empresa concluiu que a operação, que deixou um prejuízo de 21 milhões de dólares, era inviável.
“Nós alimentávamos essa rota com base em fundos do mercado doméstico. Produzíamos e pagávamos, tendo chegado a este momento que já não estamos a aguentar”, acrescentou Alfredo Cossa, acrescentando que há pelo menos 1 080 passageiros que já tinham adquirido bilhetes e que vão viajar com outras companhias que fazem a ligação, no âmbito dos acordos que a empresa tem com outras operadoras.
Além da rota Maputo-Lisboa, a LAM também suspendeu a ligação entre a capital moçambicana e Harare, no Zimbabué, e Lusaka, na Zâmbia, descritas também como insustentáveis.
“Depois de arrumarmos a casa e consolidarmos a nossa posição, vamos perspectivar o intercontinental e o regional”, acrescentou o porta-voz da LAM.
Há vários anos que a LAM enfrenta problemas operacionais relacionados com uma frota reduzida e falta de investimentos, com registo de alguns incidentes, não fatais, associados por especialistas à deficiente manutenção das aeronaves.
Em 23 de Janeiro, a autoridade reguladora da aviação confirmou que Moçambique devolveu à Indonésia o avião cargueiro Boeing 737-300 após um ano sem operar, devido à falta de certificação nacional e do reconhecimento das modificações da aeronave pelo fabricante.
No passado dia 4, o governo moçambicano autorizou a venda de 91% da LAM às empresas estatais Hidroelétrica de Cahora Bassa (HCB), Caminhos de Ferro de Moçambique e Empresa Moçambicana de Seguros (Emose).
“Com o valor arrecadado, no valor estimado em 130 milhões de dólares, pretende-se investir na aquisição de oito aeronaves e na reestruturação da empresa”, disse, na altura, o porta-voz do Executivo, Inocêncio Impissa.