O primeiro Toyota Land Cruiser Série 70 produzido pela Toyota Caetano Portugal saiu esta sexta-feira da fábrica de Ovar. Com o arranque da produção deste modelo, a unidade fabril volta à laboração habitual e recupera o equilíbrio, afirma o presidente da empresa, José Ramos, em entrevista ao TRANSPORTES & NEGÓCIOS.
T&N – De Janeiro a Maio, a produção da unidade de Ovar caiu 40,6% em relação a 2014 (348 veiculos em 2015 contra 586 no ano passado). O Toyota Land Cruiser Série 70 virá equilibrar os números?
José Ramos – A unidade fabril da Toyota Caetano Portugal teve de ser adaptada para a transição da produção do modelo Dyna para o novo Toyota Land Cruiser Série 70. Este processo iniciou-se há cerca de 15 meses, embora com um impacto mais significativo no corrente ano, pelo que o ritmo de produção abrandou. O processo de adaptação e ensaio terminou com o início da produção do Toyota Land Cruiser série 70 no passado dia 1. Em virtude da adaptação necessária para acolher o novo modelo, a produção esteve parada durante quatro meses: Março, Abril, Maio e Junho.
T&N – Qual o investimento na unidade para poder receber este novo modelo?
José Ramos – Para a produção do Toyota Land Cruiser série 70 foram investidos cerca de 10 milhões de euros, distribuídos por diversos sectores, nomeadamente equipamentos, ferramentas, formação de colaboradores, processos logísticos e também na ampliação das instalações, com a construção de um armazém com 4 000 m2.
T&N – Quais os obectivos da unidade de Ovar em termos de produção?
José Ramos – Nesta fase inicial, a fábrica de Ovar da Toyota Caetano Portugal tem capacidade para 3 000 unidades/ano, embora exista capacidade instalada para alcançar as 6 000 unidades/ano/turno
T&N – Quais os principais mercados de exportação da fábrica?
José Ramos – Os Toyota Land Cruiser série 70 produzidos em Ovar têm como destino o mercado africano.
T&N – Qual a taxa de incorporação nacional?
José Ramos – O Toyota Land Cruiser série 70 (versão pick up) é montado em kits completos – CKD – , sendo que neste momento não tem uma incorporação de componentes nacionais significativa. Em termos de valor acrescentado, nesta fase é de cerca de 15%.
T&N – A qualidade e preço do fornecimento de energia é um obstáculo ao desempenho da fábrica?
José Ramos – A qualidade não é um entrave ao desempenho da fábrica. É um imperativo imposto por nós a qualquer produção, quer no universo Toyota, quer no grupo Salvador Caetano, fazendo parte do nosso posicionamento, e do qual não abdicamos. Todavia o preço de fornecimento de energia praticado em Portugal, infelizmente, continua a ser um custo de produção que nos faz perder competitividade perante mercados em que este é mais leve.
T&N – A legislação laboral ainda é um obstáculo?
José Ramos – A Toyota Caetano Portugal tem uma relação de parceria com todos os colaboradores e não vê na legislação laboral o principal obstáculo ao seu desenvolvimento. Não obstante, e apesar das alterações alcançadas na legislação laboral nacional, que têm permitido uma maior aderência à nossa realidade empresarial, quando comparada com outros países, nomeadamente Espanha, esta continua a limitar a actividade das nossas empresas, não permitindo a necessária renovação de quadros e, por consequência, a atracção de talento. A competitividade das empresas portuguesas passa por um papel mais preponderante do Estado na implementação de medidas que favoreçam a flexibilização das leis laborais, ajustada à sazonalidade da produção e aos impactos externos e flutuações de mercado.
T&N – Apenas uma questão relativa a outra empresa do grupo Salvador Caetano, a CaetanoBus. Em que “pé” está o projecto E.Cobus?
José Ramos – O E.Cobus começa agora a dar os primeiros resultados. A CaetanoBus ganhou, recentemente, uma encomenda de seis unidades para o aeroporto de Estugarda e de quatro unidades para o aeroporto de Genebra, que serão fornecidas até ao final do ano. Têm ainda surgido várias manifestações de interesse de outros aeroportos.