O fecho da refinaria da Galp em Matosinhos terá um forte impacto nos volumes e nas contas do Porto de Leixões, reconhece o presidente da APDL.
Em 2019, o porto de Leixões movimentou muito perto de 20 milhões de toneladas. Em 2020, terá ficado em “pouco mais de 17 milhões”, essencialmente por causa da refinaria, avançou Nuno Araújo, em declarações à “Lusa”.
“Em 2020 houve uma quebra de mais de dois milhões de toneladas de produtos movimentados pela refinaria no porto e a expectativa é que a quebra venha a acentuar-se em 2021”.
É uma “quebra significativa e isso deve-se, quase na sua totalidade, à refinaria”, quebra essa que se traduz “numa redução em cerca de 50% da preponderância financeira, do impacto financeiro que a refinaria representava para o porto”, sublinhou o gestor.
Num momento em que a refinaria vai fechar, “naturalmente que isso adiciona quebras” às já registadas, constatou.
A Galp anunciou em Dezembro que este ano concentrará as suas operações de refinação e desenvolvimentos futuros no complexo de Sines e descontinuará a refinação em Matosinhos.
Para o presidente da APDL, a mudança já era mais ou menos esperada, mas foi precipitada pela pandemia.
“Se confinámos, se houve uma estagnação quase geral da economia, naturalmente que deixou de haver consumo de combustíveis. A Galp e a refinaria [de Matosinhos] foram-se ajustando a essa redução do consumo. Se somarmos a isto a transição energética do país, a descarbonização, dá para ter uma vaga ideia do que está a acontecer. Hoje há mais veículos elétricos, mais veículos híbridos, os combustíveis diminuem”, disse.
No fundo, concluiu, “acho que a pandemia veio precipitar aquilo que há muito tempo era uma estratégia da Galp e que se traduz depois numa diminuição de movimentação de crude [petróleo em bruto], de produtos refinados, de um conjunto de produtos que são movimentados no terminal petrolífero de Leixões”.
Em 2020, já houve, de resto, a suspensão da operação da monobóia, o terminal oceânico, e isso “já trouxe um impacto significativo para a APDL“.
Nuno Araújo lembrou que já hoje há um pipeline de troca de produtos entre as refinarias de Sines e de Matosinhos, prevendo que “vai consolidar-se esse pipeline marítimo de transporte de produtos refinados”.
“Não se sabe exatamente o montante do produto que será transferido de Sines para Matosinhos. Por isso é que dizemos que haverá três a 3,5 milhões de toneladas de produto a ser transportado. Essa é a nossa expectativa para já, mas isso é objeto de um diálogo permanente com a Galp“, notou.
Esse diálogo, que Nuno Araújo pretende intensificar, permitirá “aferir com mais precisão qual será o movimento de produto, para a administração portuária traçar as suas expectativas, as suas contas, para prever o seu futuro”.
O diálogo permitirá, por outro, aferir que tipo de outro tipo de serviço, pode prestar o porto à infra-estrutura da Galp em Matosinhos. “Trata-se de saber que serviços não fazemos hoje e podemos fazer de futuro, relacionados com o gás ou com o hidrogénio, por exemplo, de que forma podemos potenciar a infra-estrutura“, enfatizou.
Dou 1 ideia ou conselho à administração da APDL, pensem qual dos terminais actuais poderá crescer no espaço até agora utilizado pela refinaria GALP, talvez possa ser adaptado para 1 fábrica de bio-combustíveis ou outra