Leixões é ainda um grande porto. Pela região exportadora que serve, pelos navios que recebe e o ligam a todo o mundo, pela diversidade de equipamentos e estruturas que lhe permitem manusear qualquer tipo de carga, pelo seu avanço tecnológico, pela portaria e acesso rodoviário próprio que libertou Matosinhos da carga dos pesados, pelo Terminal de Cruzeiros, o Porto de Pesca, a Plataforma Logística, enfim, por toda uma história de engenharia, de serviço, de modelo de gestão e de paz laboral que fazem deste porto uma referência além fronteiras.
Este conjunto de razões levam a que Leixões seja cada vez mais procurado pelas cadeias logísticas e é aqui que o porto começa a falhar. Sem investimento urgente, Leixões vai perder e, tal como o bom nome das pessoas, ganhar demora muito tempo, e para perder, às vezes, basta uma futilidade.
Leixões não consegue receber principalmente navios de contentores com maior dimensão, estando a perder cargas para outros portos, por exemplo para Vigo, um porto que não tinha grande procura, mas que oferece as condições físicas que Leixões não tem. Leixões está em risco de perder carga fracionada e a granel em consequência da degradação dos cais e terraplenos e da vetustez dos seus armazéns.
Leixões é o Porto de Ma da região industrial mais exportadora do país e tem de a saber servir. Quer ser melhor, mas não existe para si, existe para as empresas e os agentes que o procuram e essa é a principal razão deste artigo: contar o que se passa e pedir aos nossos Clientes que se juntem a esta Comunidade num apelo pela competitividade do porto.
Os números não enganam. E as estatísticas provam que Leixões estagnou, num tempo em que há todas as condições para crescer. E Leixões entrará inexoravelmente em perda se não tiver uma resposta para dar a quem o procura.
Este Governo já concretizou uma medida muito meritória: permitir alargar até aos 75 anos (antes eram 30) o período das Concessões de Serviço Público Portuário. Esta era a falha seminal do sistema, uma vez que praticamente em toda a Europa, nomeadamente em Espanha, por exemplo, os prazos de concessão eram muito mais alargados, permitindo que os privados investissem, face às dificuldades de conseguir dinheiros públicos para o efeito.
Neste momento, estão perto do final as obras marítimas, promovidas pela Administração Portuária, que permitem ao porto receber navios de maior dimensão. Mas um quebra-mar mais comprido, uma bacia de rotação mais profunda, sendo essenciais, não são bastante para receber esses navios, pois não há cais nem equipamentos para os operar. Concordemos que a ordem dos investimentos era esta e que caberia ao Estado fazer primeiro o que lhe competia. Mas, arredado dos fundos do PRR e não dispondo de meios financeiros próprios para construir e equipar o terminal em falta, deverá o Estado, através da APDL, desafiar os operadores privados a supri-lo, com base na legitimidade legal que a nova lei oferece.
Não aproveitar o saber e capacidade de investimento de quem está em Leixões será deitar ao lixo a possibilidade de depressa conseguir que Leixões volte ao que foi, ou venha a ser melhor do que era.
Está em causa um interesse público que vai muito para além do porto de Leixões. Temos os projetos, temos agentes económicos interessados e os seus promotores naturais identificados, temos uma lei que agora o permite, temos capacidade já demonstrada de realizar.
É imprescindível garantir rapidamente cais, equipamento e profundidades a -15m na área do Molhe Sul, apetrechando aquele terminal com equipamentos modernos, para poder operar de forma sustentável os navios de contentores de nova geração, aproveitando a declaração de impacte ambiental favorável, já emitida.
É urgente reparar os cais e terraplenos da carga geral, bem como os seus armazéns, de forma a não perder quota de mercado para outros portos, perda essa que corresponde a maiores custos de transporte por terra e a mais emissões de CO2 não menosprezando os sobrecustos que todo o país terá que suportar.
É indispensável reforçar as condições de sustentabilidade ambiental e energética no manuseamento da carga de um porto em meio urbano, sectores em que Leixões sempre caminhou na vanguarda.
Tudo isto se faz com investimento que está quantificado, com obras, na sua maioria, já licenciadas ambientalmente e consensuais no contexto do novo Plano Estratégico, devendo o Governo, a APDL, os Concessionários e toda a Comunidade Portuária agir com sentido de justiça e de urgência para que tal aconteça.
Os números não enganam. E as estatísticas provam que Leixões estagnou, num tempo em que há todas as condições para crescer. E Leixões entrará inexoravelmente em perda se não tiver uma resposta para dar a quem o procura.
Nos dias de hoje, não podemos dizer a um agente de mercado que daqui a 10 anos vamos ter condições para o servir. Se escrevesse que “10 anos é muito tempo” poderia ser acusado de plágio. Mas 10 anos é mesmo muito tempo. E o que se perder agora, não volta.
É este o meu apelo. Está em causa um interesse público que vai muito para além do porto de Leixões. Temos os projetos, temos agentes económicos interessados e os seus promotores naturais identificados, temos uma lei que agora o permite, temos capacidade já demonstrada de realizar.
Não falta muito para concretizar o que Leixões, a Região e o País precisam.
Cumpra-se então o Plano Estratégico de Investimentos de Leixões, fazendo-os ou mandando fazê-los. Com urgência.
Presidente da Comunidade Portuária de Leixões
Leixões infelizmente parou no sec. XX, há 25 anos que deixou de planear o curto, médio e longos prazos. Há 25 anos que perde competitividade para o porto de Vigo ! Assim vai morrer na praia …
Será legítimo expandir o porto maritimo, atendendo aos tais interesses económicos em prejuizo dos interesses das comunidades locais?
O porto de Leixões é uma infraestrutura inserida na malha urbana e colide necessáriamente com a comunidade local, cujos interesses são também legítimos e têm que ser respeitados.
Refere Brogueira Dias que é urgente a conclusao do plano estratégico, dotando o cais sul de capacidade operacional para os grandes navios. Pois, mas se foi a própria APDL que abandonou esta localização para propor um novo (ou mais novo) do lado norte, sem que isso aumente a capacidade de movimentacao de contentores ( pelos dados da APDL).
Esta solução, a ser implementada, vai destruir irremediavelmente a marina de Leixoes, retirando às comunidades locais condições para acesso ao mar e comprometendo a prática da náutica desportiva, que serve a comunidade há muitas décadas.
A cidade onde se insere o porto verá a ser construido na sua frente marítima um imenso campo de contentores, prejudicando significativamente a qualidade ambiental.
Progresso sim, mas primeiro criem-se alternativas.
Não é legítimo prejudicar as comunidades locais em nome de uns benefícios para outras. Nao foi isso que a Russia fez na Ucrânia?