Leixões está bem posicionado para receber abastecimentos de mercados alternativos àqueles afectados pela guerra na Ucrânia, defende o presidente da APDL.
“Acho que estamos bem posicionados, nesta costa atlântica, para nos ligarmos ao Mercosul, por exemplo, e para recebermos um conjunto de ‘commodities’ de que nós éramos abastecidos por alguns países europeus, e que por força da guerra ficámos, no fundo, nesta fase, afectados”, disse Nuno Araújo à “Lusa”, à margem do seminário “Padrão Tecnológico para a Logística da Eurorregião” Galiza – Norte de Portugal.
Para o presidente da APDL, é necessário virar “para outro tipo de mercados, para satisfazer as necessidades de Portugal e não só do país, de Espanha e da Europa”.
O administrador do porto de Leixões considera que a guerra na Ucrânia acabou por abrir “um conjunto de oportunidades para as quais nós vínhamos estando um pouco adormecidos”, dado que “ninguém discutia esse tema nos portos e nas questões relacionadas com logística”, mas acabou por reforçar “a importância da costa atlântica”.
Questionado sobre os impactos das novas medidas de confinamento na China, nomeadamente em Xangai, por causa da pandemia, Nuno Araújo sublinhou que já não constitui novidade.
“A paralisação de Xangai não é nada que nós já não tenhamos percebido com a paralisação por força do início da pandemia. Acho que coloca ao país necessidades logísticas diferentes das que vínhamos estando habituados”, disse, falando ainda na necessidade de reindustrialização do país e da auto-ssuficiência nalguns sectores económicos.
Sobre a eventual escassez de algumas mercadorias em Leixões, Nuno Araújo descartou a existência de problemas, mas afirmou que “a única questão que está a ser monitorizada com proximidade, e tem a ver com a guerra, não necessariamente com a pandemia, é a questão dos cereais”, apesar de o Governo já ter garantido que não faltarão em Portugal.