O pico da utilização de aviões de passageiros “convertidos” em cargueiros, os “Preighters”, já passou, de acordo com o CEO da Lufthansa Cargo, Peter Gerber.
A Lufthansa Cargo operou 46 voos de “Preighters” na semana passada e a previsão é que este semana seja, já diferente. “Estamos no pico das nossas operações de aviões ‘convertidos’ e haverá muito menos em junho”, explicou Gerber. “Alguns equipamentos de protecção individual estão a começar a ser transportados por mar e ferrovia, então há menos procura”, refere o executivo.
Além do mais, Junho deverá ter menos aeronaves destinadas ao transporte de carga, à medida que os voos de passageiros começam, lentamente, a regressar, indica o executivo.
A companhia está a operar com toda a sua frota de aviões cargueiros, incluindo os seis MD-11F restantes, que têm o fim de operação marcado há algum tempo. “Estamos a cumprir o plano de retirar o último desses aviões no fim do ano, talvez no próximo ano”, indicou o CEO da Lufthansa Cargo.
Com efeito, a companhia aérea tem previsto o reforço da frota com dois novos Boeing 777F, um já no fim de Julho e outro em Outubro.
Carga ganhará importância
Em contraste com o descalabro do negócio de passageiros, a área de carga aérea está num bom momento. “Falta capacidade e o mercado é muito estreito. Não é um mau momento”, indicou Peter Gerber.
“No entanto, falta-nos capacidade, pois existem muitas estações para as quais não podemos voar e há uma pressão nos custos. O nosso negócio é projectado para 100% de operações e agora temos apenas 55% a 60% dos volumes normais”, referiu o executivo, que reconheceu, no entanto, que “os preços estão altos”.
Mas o CEO da companhia aérea alemã avisou que a operação também está mais cara. “Os aviões de passageiros ‘convertidos’ têm apenas 25% a 30% da capacidade, mas os custos ainda estão lá. E onde não podemos voar directamente, tivemos que fazer soluções alternativas. A nossa organização é grande de mais para essa quantidade de capacidade”, defende.
Em 2019, o Grupo Lufthansa viu 7% da sua receita ser proveniente das suas operações de logística, que incluem a Lufthansa Cargo, Time:Matters, Jettainer e AeroLogic. Ignorando a receita não aérea, a logística é responsável por quase 11% dos proveitos do grupo. A Lufthansa ainda não divulgou os números do primeiro trimestre de 2020, mas Gerber admitiu que a logística terá representado muito mais de 7%.
Peter Gerber disse ainda que, sem os porões dos voos comerciais de passageiros para poderem transportar mercadorias, as companhias de carga terão operar a rede básica com aviões cargueiros. “Vamos voar para os importantes aeroportos de carga e tentar manter a nossa rede o mais estável possível”, avisou. Foi essa a estratégia seguida pela Lufthansa na crise de 2009 e a aposta foi bem-sucedida.