A entrada em circulação de autocarros eléctricos em Macau continua sem calendário, principalmente devido ao seu elevado custo e à falta de postos de carregamento, indicaram hoje Governo e transportadoras, na véspera de mais um período de testes.
Tal como aconteceu em 2013, amanhã começarão a circular no território, durante 30 dias, dois autocarros eléctricos, naquela que é a segunda fase de testes a este tipo de transporte. Apesar dos bons resultados obtidos há três anos, não há ainda decisões sobre a sua efectiva e generalizada entrada em vigor.
Actualmente só existem postos de carregamento para autocarros na oficina do Pac On. “No futuro vamos tentar generalizar e reservar algum espaço para o carregamento”, disse o chefe substituto da divisão de gestão de transportes, António Ho, indicando que existem, no total, nove parques de estacionamento com postos de carregamento para veículos eléctricos, mas nenhum é destinado a autocarros públicos.
“Temos de ponderar as circunstâncias concretas das vias e os equipamentos de carregamento. Temos de saber em quais paragens e estações é possível a instalação desses postos de carregamento”, afirmou o responsável da TCM, uma das três empresas que prestam serviço público de autocarros em Macau.
Também a Nova Era manifestou preocupação com a questão do carregamento dos autocarros, não só devido à ausência de postos, mas também porque para um dia de circulação cada autocarro tem de carregar entre três a quatro horas.
TCM e Nova Era estão a testar dois autocarros diferentes, um de fabrico chinês, outro australiano. No primeiro a bateria tem uma duração de 180 quilómetros, no segundo chega pelo menos aos 300, segundo os Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), apesar de a própria empresa, a Avass, publicitar cerca de mil quilómetros.
O custo é também um factor inibidor: segundo as duas transportadoras, um autocarro eléctrico custa entre duas a três vezes mais que um autocarro movido a gasóleo.
“Estes autocarros têm um custo mais elevado”, admitiu o governo. “Tanto do autocarro como do seu funcionamento, mas claro que temos que ver as informações facultadas pelas companhias e depois decidimos se há outras políticas para apoiar a sua implementação”, disse António Ho, sem esclarecer se a subsidiação faz parte dessas políticas.
Apesar de garantir que as transportadoras “têm intenção” de introduzir autocarros com “combustíveis novos”, não foi estabelecido um prazo para tal, com o governo de Macau a exigir apenas que as empresas estudassem a viabilidade destes veículos. Quando “a situação for madura” será pedido que “concretizem alguns dos planos prometidos”.
“O governo tem de ver o resultado técnico, agora não temos condições suficientes. Até agora não temos um calendário, temos de aproveitar todos os recursos obtidos neste teste de 30 dias e depois fazemos um estudo”, indicou o responsável.
Os dois autocarros vão fazer 11 viagens por dia e percursos mais desafiantes em relação aos de 2013: vão atravessar a ponte da Taipa para Macau, percorrer trechos inclinados e levar mais passageiros.
O teste de 30 dias com autocarros alugados vai ser pago pelo governo, no valor de 600 mil patacas (66 mil euros).