Mais de 400 mil marítimos permanecem presos no mar e outros 400 mil não podem render os colegas devido à falta de resposta dos governos.
A ICS (Câmara Internacional de Shipping) avisa que os marítimos, muito cansados e mentalmente exaustos, estão a ser obrigados a continuarem a operar os navios, muito além dos seus contratos originais, sem descanso adequado e longe dos seus entes queridos.
“Precisamos da cooperação e do compromisso de todos os Estados-membros, para reconhecer os marítimos como trabalhadores-chave, isentando-os de restrições de viagens, e implementar a estrutura recomendada de protocolos para mudanças seguras de tripulações para encontrar maneiras de conseguir fazer com que os marítimos embarquem nos navios”, afirmou o secretário-geral da IMO, Kitack Lim, num evento realizado à margem da Semana de Alto Nível da Assembleia Geral da ONU.
Kitack Lim realçou que é altura de agir, já que o transporte de energia, alimentos e medicamentos nestes tempos sem precedentes depende dos marítimos. “Estes profissionais não deveriam ser as vítimas colaterais desta pandemia. Os marítimos ajudam-nos, agora precisamos nós de estar aqui para eles”, enfatizou.
Uma mensagem forte foi transmitida durante o evento pelo capitão Hedi Marzougui, que comandou uma embarcação entre Dezembro de 2019 e Maio de 2020, destacando que os direitos humanos básicos dos marítimos foram negligenciados.
“Eu convidaria cada um de vocês a pensar em como se sentiriam se tivessem de trabalhar todos os dias, durante 12 horas, sem fins de semana, sem verem os vossos entes queridos e presos no mar. Como se não bastasse, teriam de fazê-lo sem ideia alguma de quando serão repatriados”, disse Marzougui.
Henriette Hallberg Thygesen, CEO de frota e marcas estratégicas da AP Moller-Maersk A/S, afirmou no mesmo evento que houve pouca acção concreta nos últimos meses, apesar das promessas feitas. “Precisamos de actos agora, imediatos e reais, de governos e autoridades nacionais”, exclamou.
Esta situação levou a um nível sem precedentes de cooperação dentro do sector naval, em particular entre associações como a IMO, ICS, ILO e ITF, que uniram forças para aumentar a consciencialização sobre a crise e desenvolver soluções e protocolos para mitigar o problema. O sector lamenta, porém, ter tido pouco sucesso com essa cooperação, pois, indicam, a comunidade internacional não tomou medidas decisivas e não permitiu que os marítimos fossem isentados das restrições de viagens nacionais aos designá-los como trabalhadores essenciais.
Concordo plenamente. Mais: depois continuem a queixar-se que faltam milhares de marítimos a nível mundial,
nomeadamente Oficiais. Qual o incentivo para atrair jovens para o ensino náutico com o fim de embarcar? quando é que armadores e/ou operadores começam a permitir o acesso GRATIS á internet a bordo (que é carísima na maioria dos casos) quando se sabe que actualmente será o que mais desincentiva os marítimos actuais e futuro?