As margens operacionais dos nove maiores operadores de shipping de contentores superaram, em média, os 20% no segundo trimestre, calcula a Alphaliner. É o valor mais alto desde o “pico” da Covid-19.
Uma vez mais (e tem sido na maioria dos últimos 14 trimestre, sublinha a Alphaliner), a Evergreen foi a companhia que atingiu a maior margem operacional: 30,7%. Seguiram-na a Wan Hai Lines, com 28,5% e a HMM e a Yang Ming, ex-aequo, com margens de 26,9%.
Segundo a consultora, as operadoras mais dependentes das exportações asiáticas e mais expostas ao mercado spot foram as que mais beneficiaram da conjuntura favorável. Uma conjuntura marcada pela crise do Mar Vermelho (a forçar viagens mais longas e, logo, a absorver o excesso de capacidade que poderia pressionar em baixa os preços dos fretes) e pelo aumento da procura.
Com margens operacionais acima dos 20% no segundo trimestre cotaram-se também a ZIM e a COSCO.
Já a ONE ficou-se pelos 15,8%, em parte devido a uma concentração em contratos de longo prazo. Uma circunstância que afectou particularmente as companhias europeias, com a Maersk a registar mesmo a menor margem operacional entre os nove operadores considerados, nos 5,6%.
A consultora sublinha o facto de este nível de margens operacionais ser o mais elevado desde a pandemia de Covid-19.
A análise da Alphaliner segue de perto a divulgada há poucos dias por John McCown (Blue Alpha Capital), que estimou para o sector do shipping de contentores um lucro de 10,2 mil milhões de dólares apenas no segundo trimestre.
As situações de risco, como a crise do mar Vermelho ou como foi a COVID, transformaram-se na galinha dos ovos de ouro do shipping, graças à passividade dos reguladores, que não vislumbram violação das regras da concorrência na manifesta concertação de preços. Do mesmo modo, não vêm mal na absoluta integração vertical de toda a cadeia logística (transporte marítimo, operação portuária, transporte ferro e rodoviário, distribuição de última milha) deixando os clientes e aqueles que pagam a totalidade da factura (os consumidores) nas mãos de meia dúzia de operadores globais.