A Medway espera fechar 2019 com lucros, um ano antes do projectado. Em 2015, no seu último exercício, a CP Carga perdeu 12 milhões de euros.
Quatro anos volvidos sobre a decisão do Governo de Passos Coelho de vender a CP Carga, a Medway prestou hoje contas ao País do que fez desde 1 de Janeiro de 2016 (quando a operadora ferroviária de mercadorias pública passou para a gestão do universo MSC). Até para os portugueses poderem avaliar se foi ou não positivo [a privatização], referiu o presidente da empresa, num encontro com jornalistas, na sede da empresa.
E em quatro anos (na prática três, considerando os valores de fecho dos exercícios; ou três e meio, incluindo alguns investimentos já de 2019), o que é que a Medway fez?
Nas palavras de Carlos Vasconcelos, investiu 25,4 milhões de euros (correspondendo a maior fatia à compra, logo em Maio de 2016, de quatro locomotivas interoperáveis Euro 4000); reduziu os prejuízos do exercício de 12 milhões de euros para 213 mil; multiplicou por cinco o EBITDA até ao 12 milhões de euros; e reduziu a dívida de 97 para 51 milhões de euros.
O volume de negócios, esse cresceu 11%, em termos acumulados, até aos 79 milhões de euros, mesmo se os volumes transportados caíram 12% para a casa dos nove milhões de toneladas. A empresa justifica a quebra nos volumes com a redução das necessidades de carvão e o travão nas exportações de cimento. Ao invés, salienta, o transporte de contentores cresceu 28% em TEU (são mais de 420 mil e garantem metade da tonelagem); a oferta aumentou 12% (mais comboios e mais longos) e os quilómetros realizados subiram 5%.
Desde a privatização, a operadora 19 serviços, destacando-se os dois espanhóis (Valência – Madrid e Saragoça – Bilbau) e os dois ibéricos (Sevilha – Sines e Saragoça – Valongo).
Chegados aqui, o que é que a Medway se propõe fazer?
O novo plano de investimentos deverá ser apresentado no regresso das férias do Verão. Não foram adiantados pormenores, mas Carlos Vasconcelos falou em montantes significativos a serem aplicados em poucos anos, na aquisição de locomotivas e vagões.
Mantém-se a expectativa da abertura do novo terminal de Lousado, Famalicão, em meados do próximo ano (mesmo se ainda faltam o Estudo de Impacte Ambiental e o licenciamento camarário). E também se aguarda o ok da Autoridade da Concorrência à compra do TVT, que permitirá à MSC Entroncamento mudar-se para Riachos, libertando o actual espaço para a instalação definitiva da Medway Maintenance & Repair, criada em Novembro do ano passado, fracassado que foi o projecto de ACE com a EMEF.
Mantém-se, finalmente, a ambição de a Medway ser líder ibérica. Mas para isso não haverá, ou não é anunciado, um calendário.