Apesar da quebra nos negócios, a Medway “provavelmente” atingiu o break-even em 2020, ou “talvez até” lucros marginais, avançou Carlos Vasconcelos ao TRANSPORTES & NEGÓCIOS.
A Medway atingiu no ano passado um volume de negócios de “cerca de 70 milhões” de euros, o que representou uma quebra homóloga “de 12%”. Os volumes transportados ficaram “abaixo dos oito milhões de toneladas”, também uns “12% a nível ibérico”, sintetizou o administrador do operador ferroviário.
A pandemia (com reflexos no transporte de contentores, particularmente em Espanha) e a descarbonização (que praticamente fez desaparecer o transporte de carvão para as centrais da EDP) são as principais explicações apontadas para a quebra dos volumes e, logo, das receitas.
Os contentores representaram cerca de metade das cargas e das receitas (menos naquelas e mais nestas), mas ele houve também cargas tradicionais que tiveram um comportamento positivo, “casos dos cimentos, das madeiras e dos granéis”.
A crise foi mais sentida em Espanha, mas o país vizinho “ainda pesa menos de 10% no volume de negócios” da Medway. O que ajuda a perceber por que a companhia, com cerca de 90% do mercado nacional, reclama uma quota ibérica de 20% (líder entre os privados).
Apesar das quebras de volumes e receitas, Carlos Vasconcelos disse que “provavelmente atingiremos o break-even” em 2020, ou “talvez até um resultado líquido positivo marginal”. As dúvidas ainda subsistem, explicou, porque as contas ainda não estão fechadas, nomeadamente no que respeita a fornecimentos importantes, “como é o caso da energia eléctrica”.
Crescimento passa por Espanha
Para este ano, apesar das muitas incertezas, o objectivo é crescer. “Estamos moderadamente optimistas. Não chegaremos aos dois dígitos, mas a ideia é recuperar o que perdemos em 2020 e superar mesmo 2019”, resumiu Carlos Vasconcelos.
Para isso, será fundamental Espanha (e, desde logo, a recuperação dos contentores). O país vizinho é, de resto, a grande aposta da Medway, porque no mercado doméstico as oportunidades de crescer são já escassas. Em Espanha, não. “Não queremos entrar em competição com os outros operadores, mas sobretudo ir buscar novos negócios – na indústria química, nos granéis, nos siderúrgicos,… – que hoje circulam sobretudo na estrada”.