No ano passado, a Medway (ex-CP Carga) estreou-se nos lucros. A companhia prepara nos investimentos em material circulante, adianta Carlos Vasconcelos, líder da empresa, em entrevista ao “Público”.
A Medway atingiu um resultado positivo de 300 mil euros no ano passado, depois de em 2016 ter perdido 1,6 milhões de euros. Para este ano, Carlos Vasconcelos diz ser ainda cedo para avançar números, mas mostra-se confiante em que serão melhores.
A melhoria dos resultados foi conseguida apesar da estagnação dos volumes transportados. Mas as receitas aumentaram, puxadas pelo tráfego de contentores (que compensou as perdas na movimentação de cimentos, por exemplo).
Depois de ter investido 15 milhões de euros em quatro locomotivas interoperáveis, a Medway está a ultimar um plano de novos investimentos para os próximos dois anos, em locomotivas e vagões. Carlos Vasconcelos não adianta números mas garante que tem o apoio da casa-mãe da Suiça, que diz estar entusiasmada e acarinhar o projecto português, que será um caso para replicar noutros países.
Com as locomotivas interoperáveis, a Medway propõe-se crescer no mercado ibérico, onde deterá um quota de 28% (contra os 48% da Renfe), fruto dos 90% que reclama em Portugal e das incursões no país vizinho. “Nós já temos dois serviços com origem e destino dentro de Espanha. Um comboio diário que faz Valência – Madrid, com locomotiva, vagões e tripulações nossas. E um serviço de contentores entre Sevilha e Sines, que é combinado com a Renfe, em que a nossa locomotiva vai até Mérida e depois os nossos vagões são rebocados por uma locomotiva da Renfe de Mérida a Sevilha”, refere o gestor ao “Público”.
Sobre a infra-estrutura e os constrangimentos à operação, Carlos Vasconcelos lembra a degradação de alguns troços e reclama a electrificação das linhas e a possibilidade de fazer comboios de 750 metros. O Ferrovia 2020 agrada-lhe pelo pragmatismo, mas gostaria que as coisas andassem mais depressa e que se previssem já troços alternativos para os traçados onde há maior congestionamento (caso da Linha do Norte na aproximação ao Porto). A questão da bitola não o é, insiste.
Já sobre o “Ferrovia 2030”, o líder da Medway defende a Linha do Douro para o acesso à Europa e percebe as dúvidas sobre a viabilidade da nova ligação entre Aveiro e Mangualde.