As principais companhias receberão, nos próximos 2-3 anos, 86 navios de +10 000 TEU, o que pode ameaçar o equilíbrio entre oferta e procura, avisa a Alphaliner.
Apesar da carteira de encomendas de porta-contentores estar num mínimo histórico, as principais companhias têm previsto receberem, nos próximos dois a três anos, um total de 86 navios com capacidade superior a 10 000 TEU, nota a Alphaliner.
Essas encomendas foram colocadas antes do “rebentar” da crise ligada à Covid-19 e, dada a considerável incerteza sobre a velocidade de uma recuperação num cenário de recessão económica mundial, o alinhamento dos 1,47 milhões de TEU de capacidade dos novos ULCV pode ser um desafio.
A maior pressão notar-se-á “na rota da Ásia para Europa, já que os maiores navios deverão ser alinhados aí”, sublinbha a consultora..
2M mais confortável
A Alphaliner observa que as encomendas com entregas pendentes estão “desigualmente repartidos entre as três grandes alianças”.
“As duas companhias com maiores encomendas, CMA CGM e Evergreen, pertencem à Ocean Alliance, que já tem uma quota de mercado de 39,5% no trans-Pacífico e de 38,7% na rota Ásia-Europa”. Em conjunto com a Cosco (OOCL), a aliança tem 57 navios em construção, com uma capacidade total de um milhão de TEU.
Os membros da THE Alliance (Hapag-Lloyd, ONE, Yang Ming e HMM) têm 24 navios encomendados, com uma capacidade agregada de 349 000 TEU, enquanto os parceiros da 2M (Maersk e MSC) têm apenas cinco navios de 23 650 TEU ainda por entregar, todos encomendados pela MSC.
Desde a Alphaliner indicam que o alinhamento de 57 embarcações adicionais na rede da Ocean Alliance será “uma tarefa desafiadora em tempos de baixo crescimento de procura”.
Para reduzir a chegada de nova tonelagem, CMA CGM e Cosco (OOCL) podem, indica a consultora, devolver, até ao fim de 2021, cerca de 15 navios de 8 000-10 000 TEU que têm em regime fretamento. Já em relação à Evergreen, a Alphaliner avisa que as perspectivas de devolução são “marginais”, dada a duração dos contratos da companhia sediada em Taiwan.
“A 2M está em numa posição muito mais confortável, com a Maersk sem encomendas pendentes e a MSC com apenas cinco navios ‘megamax 24’ em construção”, indica a Alphaliner. Com efeito, o CEO da Maersk, Soren Skou, já afirmou que a companhia “não tem planos” para encomendar novos navios, dadas as “incertezas materiais” e “falta de visibilidade relacionada à procura global”, pelo que está focada na redução das despesas de capital.