Os metros de Lisboa e Porto vão crescer, Braga projecta um BRT e o Metro do Mondego continua parado. O presidente da Sociedade Metro Mondego (MM) defende que a resolução do problema criado no sistema de mobilidade no ramal ferroviário da Lousã e em Coimbra tem de ser reconhecida como uma prioridade nacional e objecto de solução urgente.
“O projecto do Sistema de Mobilidade do Mondego (SMM) tem todas as razões para ser uma prioridade”, defendeu, em declarações à “Lusa”, João Rebelo, que preside desde Novembro de 2012 à MM (Metro do Mondego), empresa de capitais públicos, criada em 1996 para implantar o sistema de mobilidade.
Mais de 14 anos depois da publicação das bases de concessão e de cerca de uma centena de estudos e relatórios, “a hora é de acção e de verdade”, não basta continuar a dizer que “todos estão empenhados”, é necessária “uma decisão urgente” sobre a solução a adoptar para “rentabilizar os investimentos e meios envolvidos” e dinamizar a economia da região, afirma o responsável.
Além de se ter acabado com um serviço que existia, “está-se perante o desaproveitamento de significativos dinheiros públicos”, que permanecem improdutivos e sujeitos a degradação, sublinha João Rebelo, referindo que já foram investidos, em estudos, projectos e obras, “cerca de 107 milhões de euros”.
Tem de se passar “objectiva e decididamente” à acção também para ultrapassar o “sentimento de desconfiança e frustração”, entretanto instalado nas pessoas, e não apenas em quem foi directamente atingido com a remoção dos carris e suspensão da ligação ferroviária entre Serpins, Lousã, Miranda do Corvo e Coimbra.
“Não estamos perante uma intenção ou projecto novo, mas sim perante a imprescindibilidade de concluir a requalificação e potenciação de um anterior serviço ferroviário e a operacionalização de um sistema de mobilidade moderno e eficaz”, salienta João Rebelo.
O Tribunal de Contas reconhecia, em 2012, que “o SMM teria um custo operacional por passageiro de 0,75 euros, face aos 0,96 euros do Metro do Porto e 2,84 euros do Metro do Sul do Tejo”, refere o presidente da MM, destacando, igualmente “o mais baixo custo de operação por passageiro e quilómetro”.
“Congratulamo-nos com os investimentos anunciados para a ampliação dos metros de Lisboa e do Porto ou os 135 milhões de euros para um BRT [autocarros rápidos em via dedicada] em Braga, com uma extensão de 15 quilómetros, mas não podemos deixar de nos interrogar sobre a, pelo menos aparente, ausência de referências ao Metro Mondego”.