A Metro do Porto está sem dinheiro e, no limite, pode interromper a operação se o Estado não cumprir com as suas obrigações e financiar a empresa.
Uma informação de rotina, ou um ultimato? Ricardo Fonseca, presidente do Conselho de Administração da Metro do Porto escreveu à tutela, dando conta da situação financeira insustentável da empresa, a exigir uma intervenção imediata do Estado.
Sem financiamento a fundo perdido do Estado, com indemnizações compensatórias insuficientes para pagar o serviço público que presta e, agora, impossibilitada de recorrer ao financiamento bancário, a Metro do Porto estará à beira da ruptura de tesouraria.
As necessidades de financiamento para este ano estão orçadas em 280 milhões de euros, mas até ao momento a empresa apenas garantiu 75 milhões. As dívidas a fornecedores já chegam aos 62 milhões de euros. O passivo ultrapassa os dois mil milhões de euros e o serviço da dívida pesa muito nas contas.
O futuro imediato da empresa do Metro do Porto passa, assim, por um financiamento do Estado, até ao final do ano, num montante de 200 milhões de euros, alerta Ricardo Fonseca, na missiva enviada ao MOPTC, segundo o “JN”.
Dinheiro que é preciso para a gestão corrente e para fazer face aos compromissos assumidos, nomeadamente com as extensões da Linha Amarela até S. Ovídeo (V.N. Gaia) e a construção da ligação Estádio do Dragão-Gondomar.
Nas actuais condições, afigura-se cada vez mais improvável o avanço da segunda fase da rede do Metro do Porto, prometida há vários anos, e que deveria praticamente duplicar a rede e aumentar ainda mais o número de utilizadores do sistema.
As dificuldades financeiras da Metro do Porto e as insuficiências do financiamento do serviço público são há muito conhecidas. O próprio Tribunal de Contas fez eco delas numa recente auditoria, onde concluiu, entre outras coisas, que já em 2007 cada passageiro transportado representava um prejuízo de três euros, e que as receitas não chegavam para pagar os encargos financeiros. Entretanto, a situação não melhorou.