A nacionalização ou a falência da Groundforce não estão nos planos do Governo, garantiu o ministro das Infraestruturas, hoje, numa audição parlamentar.
Insistindo nas críticas a Alfredo Casimiro, Pedro Nuno Santos sustentou que a nacionalização da Groundforce apenas serviria o accionista maioritário da empresa.
“A nacionalização não resolvia o problema da Groundforce. A nacionalização resolvia um problema a Alfredo Casimiro. Era mesmo a solução desejada pelo actual líder da empresa, iria permitir a sua vitimização, a litigância e a exigência de uma indemnização ao Estado português”, disse o ministro.
A falência também não é opção, porque o Executivo aposta numa solução estrutural definitiva, que proteja a TAP e os trabalhadores e garanta a continuidade das operações de handling.
Questionado sobre o pedido de insolvência da Groundforce apresentado pela TAP, o ministro insistiu em que “a insolvência é o culminar dos problemas. (…) A insolvência é o culminar de uma situação insustentável que não dá alternativa à TAP, não é o causador de problemas”, referiu.
Groundforce fala em “estrangulamento”
Em comunicado, Alfredo Casimiro, presidente do Conselho de Administração da Groundforce, diz que o pedido de insolvência deixa a empresa em “total estrangulamento”.
“Com o pedido de insolvência, caem por terra todos os esforços que temos feito para salvar a empresa. […] No preciso momento de retoma da actividade, pode conduzir à rutura operacional da empresa, ao afectar drasticamente a relação com os seus clientes, mas, sobretudo, com os seus fornecedores, que, perante essa decisão, ponderam suspender os fornecimentos, caso não haja pagamentos antecipados ou a pronto”, é dito no comunicado.
O accionista maioritário da empresa de handling avisa que a rutura operacional poderá comprometer o pagamento dos salários de Maio aos trabalhadores, até agora salvaguardado, “dificultar a operação de venda que se encontra em curso com diversos players internacionais do sector”, bloquear o “acesso ao financiamento de curto prazo junto da banca, com especial ênfase para a Caixa Geral de Depósitos”, bem como prejudicar a TAP “que, sendo simultaneamente accionista e credora, será a última entidade a receber o que lhe é devido após a insolvência”.
Alfredo Casimiro lembrou que, entre 2012 e 2019, a empresa deu lucros superiores a 28 milhões de euros e que a situação em que se encontra neste momento deve-se à pandemia de Covid-19, que deixou o setor da aviação paralisado.
“À semelhança do que aconteceu com a TAP, a Groundforce também solicitou o apoio do Estado para enfrentar as consequências dramáticas da paralisação quase total da actividade”, apontou Alfredo Casimiro, referindo que a empresa viu o pedido de empréstimo de 30 milhões de euros negado pelo Banco Português de Fomento.
“Uma decisão totalmente incompreensível e cuja justificação alega a ausência de disponibilidade financeira robusta dos accionistas. Tal justificação só poderá referir-se à TAP e à Portugália, pois as contas da Pasogal são positivas e sólidas”, argumentou.