A capacidade de transporte ferroviário de mercadorias em Moçambique vai aumentar de forma significativa com a entrada em funcionamento da linha entre Moatize e Nacala, o chamado Corredor de Nacala, e com o reforço da linha do Sena.
O Corredor Logístico de Nacala tem capacidade para transportar 18 milhões de toneladas/ano e servirá sobretudo a indústria de carvão, numa altura em que alguns exportadores enfrentam problemas logísticos, que tornam ainda mais difícil a exploração a um custo rentável, atendendo aos baixos preços das matérias-primas.
A abertura da linha levou a Economist Intelligence Unit a rever em alta as previsões de produção de carvão a curto prazo, o que permite um
crescimento das exportações mais rápido em 2016 e 2017 e, consequentemente, um menor défice corrente para Moçambique. “Nacala vai finalmente aliviar os estrangulamentos de transporte da indústria do carvão de Moçambique”, refere a EIU no seu mais recente
relatório sobre o país.
Com cerca de 18 meses de atraso e custando acima do orçamento inicial, a linha de 902 quilómetros de extensão e o porto de águas profundas
associado foram desenvolvidos pelo grupo brasileiro Vale, concessionária da maior mina de carvão moçambicana, em Moatize, que pode agora aumentar a produção e reduzir os custos.
A construção do projecto de 3,5 mil milhões de dólares começou em 2012, quando o preço do carvão estava acima de 100 dólares/ tonelada, o dobro do registado no final de 2015, levando os principais produtores a adiar planos de expansão, caso da Vale, da Jindal Power, da Internacional Coal Ventures Limited (ICVL) e da Beacon Hills Resources.
“Para o resto da indústria, Nacala vai libertar espaço na linha do Sena, a única existente”, mas a indústria de carvão moçambicana continuará abaixo do seu potencial, acrescenta a EIU.
A nova linha de caminho-de-ferro será igualmente utilizada por outras empresas mineiras para escoarem a respectiva produção, sendo que a
Portos e Caminhos-de-Ferro de Moçambique vai proceder ao transporte de passageiros e de outro tipo de cargas.
O governador provincial de Nampula, Victor Borges, afirmou recentemente que a segunda fase das obras de modernização e ampliação do porto de Nacala, um investimento de 270 milhões de dólares, poderá ter início este ano, estando em preparação o lançamento dos respectivos concursos públicos.
No decurso do primeiro semestre deverão ficar concluídas as obras para o aumento da capacidade da linha ferroviária do Sena, de 6,5 milhões para 20 milhões de toneladas/ano, afirmou o director provincial dos Transportes e Comunicações de Sofala, Hélcio Canda.
A linha de Sena liga o porto da Beira a Moatize, entre as províncias de Sofala e Tete, numa extensão total de 575 quilómetros, incluindo o ramal
Inhamitanga/Marromeu.