O Governo admite promover uma avaliação estratégia do novo aeroporto do Montijo, porque com a crise da Covid-19 a urgência é agora menor.
A crise causada pela pandemia veio dar ao Governo tempo para ponderar sobre a possibilidade de uma avaliação ambiental estratégica sobre o novo aeroporto do Montijo.
Numa audição no Parlamento, ontem, no âmbito da discussão na especialidade do Orçamento do Estado para 2021 e em resposta à deputada Inês Sousa Real, do PAN, o ministro das Infraestruturas sublinhou que, antes da pandemia de Covid-19, a capacidade do aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, estava “esgotada”, sendo recusados “muitos voos”, o que levava à perda de receitas para vários setores da economia.
“[Agora], não ignoramos que a pandemia, não retirando a necessidade de aumentar a capacidade aeoportuária, porque contamos com a recuperação dentro de alguns anos, dá-nos algum tempo para ponderarmos a possibilidade de avaliação ambiental estratégica”, afirmou o ministro.
Várias organizações ambientais têm defendido que o processo referente ao novo aeroporto de Lisboa tem de ser apreciado no contexto de uma avaliação ambiental estratégica, em que sejam ponderadas várias opções possíveis.
Montijo, Alcochete e o NAL
O novo aeroporto do Montijo foi tema de debate, também ontem, no Congresso da Adfersit, no painel dedicado ao transporte aéreo a às infra-estruturas aeroportuárias no pós-Covid.
Artur Ravara, ex-presidente do LNEC, defendeu que a solução Portela+1 deveria ser Portela+Alcochete, e não Portela+Montijo, sustentando que seria mais fácil, rápido e barato construir em Alcochete o que está previsto para o Montijo. Com a vantagem de que Alcochete poderia depois ser expandido, o que não acontecerá no Montijo.
Artur Ravara afirmou ainda que a quebra do transporte aéreo, resultado da pandemia, dá tempo para repensar a solução e sugeriu, por isso, que o Governo encarregue uma entidade idónea de estudar as alternativas para um plano estratégico.
Já Rosário Macário sublinhou a persistente confusão entre o projecto do Montijo, uma opção de curto / médio prazo inscrita no modelo de negócio de um operador privado, e a opção estratégica sobre o Novo Aeroporto de Lisboa (NAL).
Para a professora e investigadora, o Montijo justifica-se no imediato, enquanto o NAL demorará 15 a 20 anos, disse.
Em defesa da opção Montijo pronunciou-se também o hoteleiro Bernardo Trindade (ex-secretário de Estado do Turismo e vogal do Conselho de Administração da TAP), que insistiu nas perdas potenciais de negócio, para a TAP e para a economia nacional, resultantes do esgotamento da capacidade da Portela.