O movimento de navios no canal do Suez caiu mais de metade (-51,3%) desde o início da crise no Mar Vermelho, com os ataques dos rebeldes Hutis do Iémen, em Novembro.
De acordo com a “EFE”, que cita dados do observatório Port Watch, uma ferramenta da Universidade de Oxford e do Fundo Monetário Internacional (FMI), desde o dia 19 de Novembro, quando o grupo apoiado pelo Irão capturou o cargueiro Galaxy Leader, a média de carga transportada pelo canal do Suez caiu dos 5,5 milhões de toneladas diárias, para 2,1 milhões de toneladas na última semana, uma quebra de 61,4% em menos de quatro meses.
O líder da Autoridade do Canal do Suez, Osama Rabie, reuniu-se há duas semanas com representantes de 15 grandes companhias de navegação, que lhe garantiram que regressariam à rota tradicional “quando as tensões terminarem”, segundo um comunicado da Autoridade do Canal do Suez.
Os números são semelhantes na travessia de Bab el Mandeb, a entrada do Mar Vermelho e onde os Hutis atacam navios que escalam ou se dirigem a portos israelitas, uma acção que alegam ser em defesa da causa palestiniana e que provocou uma contrao-fensiva de uma coligação militar internacional liderada pelos Estados Unidos.
Até agora, houve uma queda de 54% no número de navios que decidem passar pelo estreito e uma queda de 66,4% nas mercadorias em comparação com antes da crise, de 5,1 milhões de toneladas, em Novembro, para 1,7 milhões, na primeira semana de Fevereiro.
O Port Watch, que monitoriza 120 mil navios e 1 400 portos em todo o mundo, “localiza os navios de carga através dos sinais que enviam por satélite”, explicou a economista e uma das responsáveis pela ferramenta em declarações à “EFE”.
“Registamos quando os navios entram ou saem de um porto, bem como outros pontos de controlo específicos”, disse Parisa Kamali, embora tenha advertido que “alguns dos navios que passam pelo Bab el Mandeb desligam os seus transmissores para evitar partilhar a sua localização e proteger-se de possíveis ataques”, o que “complica a sua localização”.
O Mar Vermelho, limitado a norte pelo Canal do Suez e a sul pelo Estreito de Bab el Mandeb, é uma via navegável através da qual passam anualmente mais de 19 mil navios de carga, representando 11% do tráfego marítimo mundial, de acordo com a Port Watch, além de ser a rota mais rápida entre os portos asiáticos e o Mediterrâneo.
Um grande número de companhias de navegação reduziu ou cessou completamente as suas operações na região e optou por utilizar rotas alternativas, como a que contorna o continente africano a sul, ao longo do Cabo da Boa Esperança, cuja utilização cresceu 51,9% neste período, apesar de implicar mais 10 dias de travessia e aumentar os custos.
O Egipto arrecada cerca de 8 mil milhões de dólares por ano com o Canal do Suez, razão pela qual as suas autoridades lançaram uma campanha para convencer as companhias de navegação a voltarem a transitar pela passagem artificial devido à grave crise económica que o país atravessa, marcada pela falta de divisas.