A MSC, através da TIL, integra o consórcio que acordou a compra de 80% da Hutchison Ports. E com isso poderá preparar o “assalto” aos primeiros lugares do ranking dos operadores de terminais.
Um consórcio liderado pela norte-americano BlackRock, e que integra também a Global Infrasctructures Partners (GIP) e a TIL chegou a acordo com a CK Hutchison para lhe comprar os 80% que detém na Hutchison Ports, com terminais em 43 portos, em 23 países, um pouco por todo o mundo. Os restantes 20% são detidos pela PSA International (parceira da TIL). De fora ficam apenas os terminais localizados em Hong Kong e na China.
O negócio, avaliado em 22,8 mil milhões de dólares, inclui também a compra de 90% da Panama Ports Company, concessionária dos terminais de Balboa e Cristobal, nas duas entradas do Canal do Panamá.
A presença da empresa chinesa no Canal do Panamá foi criticada por Donald Trump desde que tonou posse como Presidente dos EUA (terá chegado a admitir uma intervenção militar para recuperar o controlo do canal, caso fosse necessário) e, por isso, a venda dos dois terminais panamenhos fez as manchetes dos media. Mas o impacto do negócio vai muito além e dificilmente terá sido determinado pelas posições do novo inquilino da Casa Branca.
A Hutchison Ports era, em 2023 (último ano para o qual existem dados fechados), sexta no ranking mundial de operadores de terminais de contentores, com uma quota de cerca de 6% (43 milhões de TEU movimentados), de acordo com a Drewry. A TIL era sétima, praticamente a par (42,3 milhões de TEU), tendo registado então o maior crescimento entre os principais players, fruto da integração da AGL.
Desconhece-se qual será a participação da TIL na compra da Hutchison Ports, mas parece evidente que com ela o “braço” da MSC nos terminais de contentores dará um salto significativo no ranking, podendo mesmo ameaçar as primeiras posições da PSA International, China Merchants e COSCO.
A concretização do negócio está dependente das autorizações das entidades reguladoras, sendo também provável a imposição de “remédios” para garantir a manutenção das condições de concorrência em alguns mercados.