Tenho uma frota de três camiões autónomos de transporte de contentores de carga Pi (contentores desmontáveis ou integráveis da nova internet física) com quatro atrelados cada, movidos a eletricidade, e estando a acabar um contrato continuado de transporte entre umas minas e uma fábrica, pretendo agora colocar esta oferta disponível no mercado.
Na aplicação da janela logística global (JLG que liga a cadeia logística planetária) que me surge nas lentes de contacto ligadas ao meu dispositivo móvel e pessoal de comunicação, seleciono a identificação dos meus três veículos de transporte e para cada um dos camiões escolho as datas disponíveis para começar a oferta no mercado.
No caso de um dos meus camiões, na mesma aplicação, uma empresa com mercadorias tem necessidade de transporte nas datas que eu tenho disponíveis e aos preços que eu tenho como aceitáveis, aproveitando um espaço em vazio num navio autónomo que vai partir em breve para o porto de Santos e que, tendo por base a informação meteorológica disponível e os dados de BigData daquela linha, terá uma chegada ao Brasil no momento exato em que o cliente final precisa da mercadoria para venda nas suas lojas, considerando a procura preditiva avaliada por machine learnig.
O sistema inteligente do software do sistema portuário fez automaticamente o match entre o dono da carga e a minha oferta e passamos a estar colocados com previsão de transporte na data prevista, sendo automaticamente assinados os acordos entre os nossos sistemas e registados na cadeia blockchain mundial. Na data prevista, o meu camião informa o sistema da janela logística global que vai sair para ir levantar a carga, informando a todo o momento a sua localização a caminho do local de transporte, através de via nacional enterrada e dedicada ao transporte de cargas, como se fosse em comboio, com outros camiões, e estimando as horas de levantamento e entrega final no porto. A ferrovia de carga passou há anos a ser apenas utilizada por túnel a velocidades de vários milhares de km/hora.
Automaticamente, e com o geoposicionamento, o software sabe qual é o momento em que o camião vai chegar ao local da plataforma logística subterrânea para levantar a carga. Por cima é uma floresta. Próximo do destino, o camião abandona a via dedicada nacional, por onde circulam milhares de camiões autónomos elétricos muito longos de forma coordenada.
Ao chegar, os contentores Pi da plataforma logística são colocados nos quatro trailers que o camião reboca, através de pórticos autónomos de carga e gestão de armazenagem, e o sistema do meu camião faz um registo de carregamento e de confirmação da hora de chegada na gate do terminal portuário, realizando o booking da janela de entrada e alocação de recursos de descarga, de acordo com as disponibilidades da portaria, permitindo assim que o camião chegue exatamente no momento em que pode ser servido. No caminho pela via dedicada nacional para cargas, o camião autónomo com quatro trailers carregados gasta mais energia, mas vai recarregando através do sistema montado no pavimento da via para carregamento induzido.
A caminho vai atualizando a informação sobre a sua localização confirmando a todo o momento com o sistema da janela logística global e o terminal portuário a hora de chegada, a identificação das cargas e a confirmação da situação das mesmas, através da comunicação com os sistemas de internet das coisas de cada um dos contentores, que referem se entrou água, qual a temperatura, se a carga está intacta e se carecem de alguma manutenção.
O despacho das cargas é, entretanto, obtido de forma automática através dos sistemas inteligentes das autoridades portuárias e aduaneiras na JLG, que confrontam com a informação de imagens ao longo da via dedicada. O tratamento da informação dos contentores Pi sucede em segundos, imediatamente através da inteligência artificial, verificando se existe algum problema ou potencial risco e através de imediato licenciamento e com o respetivo pagamento de taxas.
Ao aproximar-se do terminal portuário, o camião sabe se pode ou não avançar, ou se deve esperar, sabe que meios estão disponíveis e alocados no terminal e coloca-se na fila de entrada da portaria do terminal portuário no horário previsto e revisto.
Ao chegar à portaria já toda a documentação está tratada automaticamente pelos sistemas de inteligência artificial e o camião é reconhecido na SmartGate do terminal, bem como a carga, sendo completamente fiscalizado em termos de scanner de imagens em várias dimensões, passando em 3 segundos pela portaria e entrando com toda a informação sobre qual o destino que deve tomar para ser descarregada a carga. Câmaras acompanham o camião para verificar se vai para local correto ou se é necessário ser corrigido e, entretanto, já um pórtico automático está a aguardar no local para fazer a descarga dos contentores e colocar no respetivo local para a operação de sort e rearranjo dos contentores Pi, de acordo com o plano de embarque e a distribuição a bordo.
Entretanto, o camião já recebeu o novo plano da sua próxima tarefa, que será ir buscar outro lote de contentores Pi a outros dois locais, de forma automática, o que permite de imediato a saída do terminal, havendo um acompanhamento pelo sistema portuário da localização do camião e da previsão de chegada já com o próximo lote de contentores.
Enquanto isso decorre, o navio autónomo está a atracar com o apoio de reboques autónomos e pilotos a assistir à distância, ligando de imediato as mangueiras de recarga das baterias e de acostagem.
VÍTOR CALDEIRINHA